
Melhor marcador de Portugal diante da Estónia, com 17 pontos, Rafael Lisboa foi o autor de um triplo determinante, mas também dos dois lances livres que permitiram assumir a liderança do marcador de forma decisiva nos segundos finais dessa partida. Após o jogo, o jogador do Ourense fala num trabalho de muitos anos e expressa o seu orgulho pelo feito alcançado.
"A que é que sabe esta vitória? Não tenho palavras. São cinco anos de trabalho. Quando eu cheguei à seleção, o objetivo que foi traçado na altura, foi estar na Eurobasket'2025, e a primeira coisa que nós fazemos quando nos qualificamos para a Eurobasket'2025, sem saber o grupo, é dizer que o nosso objetivo é estar nos oitavos de final. Por isso, é um cumprir de um objetivo, é o alcançar de um objetivo.
E não tenho palavras para esta equipa... não tenho adjetivos. O caráter é incrível, é impressionante. É mesmo muito, muito bom, fazer parte desta equipa, porque estamos sempre lá uns para os outros. O jogo não foi sempre bem jogado, e não foi ganho no jogo bonito, mas foi ganho com o coração. E isso ninguém nos pode nunca apontar, porque nós damos sempre tudo por Portugal.
E esta equipa em particular, eu não tenho palavras. Até me emociono porque não tenho palavras. Porque nós, muitas vezes, estamos nos nossos clubes, não temos muito tempo para trabalhar em conjunto, mas sempre que vimos aqui parece que estamos juntos todo ano. Porque a malta dá-se super bem. Dentro do campo, somos uma família, fora do campo somos uma família. E, como eu disse, não tenho palavras. Estou muito contente.
A expulsão do Neemias
Obviamente, que perder a nossa referência, o nosso melhor jogador, num momento daqueles, é complicado. Mas, se há equipa que consegue responder a esses momentos, é esta equipa. Porque, unimo-nos. Quando ele saiu, a primeira coisa que me veio à cabeça foi perdemos o Neemias, perdemos a referência, mas logo a seguir pensei: este jogo é para nós. Quando este tipo de coisas acontece neste tipo de equipas, com este tipo de caráter, quando nos unimos desta maneira e jogamos com o coração e com o caráter que jogámos, é muito difícil ganharem-nos.
Os lances livres no final
Uma pessoa também já está ali dentro do ritmo do jogo. Claro que sinto a responsabilidade, mas, como jogador profissional, desde miúdo que sonho com estes momentos. Eu sou uma pessoa e sou um jogador que gosta de ter a responsabilidade. Gosta de sentir que quando os momentos chegam eu tento estar o mais preparado possível e eu estava confortável. E, na minha cabeça, sabia que ia marcar os lances livres e fui lá, mantive a calma e marquei. Antes tinha lançado um que tinha falhado, mas é sempre o próximo lançamento, sempre o próximo tiro. Aliás, eu não comecei o jogo propriamente eficaz, nem sei se fiz boas percentagens, acho que não, mas, no final de contas, é seguir motivado, seguir confiante até ao fim, porque tudo pode acontecer. E a verdade é que eu e os meus colegas trabalhamos por estes momentos e merecemos muito esta vitória".