Com 12 dos seus 17 pontos marcados no último quarto, período em que Portugal voltou a ser superior e assegurou a vitória por 65-68 (14-14, 18-13, 13-20, 20-21) e carimbou a passagem para os oitavos de final do 41.º EuroBasket, o que acontece pela segunda vez em quatro presenças, Rafael Lisboa voltou a cotar-se, pela segunda vez seguida, o melhor marcador dos Linces e, neste caso, o principal herói do embate.

Os últimos sete pontos do encontro, para ambas as seleções, tiveram assinatura do base luso, filho do mítico Carlos Lisboa. Um decisivo triplo de Rafael a 55 segundos do apito final colocou Portugal em igualdade pela penúltima vez (64-64).

E depois não tremeu ao converter quatro triplos, os últimos dois no lugar de Diogo Ventura, que saiu… lesionado a 4s de se esgotar o tempo no cronómetro, entrando para o seu lugar Rafa e cobrar os dois lançamentos livres.

«A que é que sabe esta vitória? Não tenho palavras. São cinco anos de trabalho. Quando cheguei à Seleção, o objetivo que foi traçado na altura, foi estar no Eurobasket-2025, e a primeira coisa que fazemos quando nos qualificamos, sem saber o grupo, foi dizer que o objetivo era estar nos oitavos de final. Por isso, é um cumprir de um objetivo, é o alcançar de um objetivo», começou por declarar Rafael Lisboa à agência Lusa.

«E não tenho palavras para esta equipa... não tenho adjetivos. O carácter é incrível, impressionante. É mesmo muito, muito bom, fazer parte desta Seleção, porque estamos sempre lá uns para os outros. O jogo não foi sempre bem jogado, e não foi ganho no jogo bonito, mas foi ganho com o coração. E isso ninguém nos pode nunca apontar, porque damos sempre tudo por Portugal.»

«E esta equipa em particular, não tenho palavras. Até me emociono porque não tenho palavras. Porque nós, muitas vezes, estamos nos nossos clubes, não temos muito tempo para trabalhar em conjunto, mas sempre que vimos aqui parece que estamos juntos todo ano. A malta dá-se super-bem. Dentro do campo, somos uma família, fora do campo somos uma família. E, como disse, não tenho palavras. Estou muito contente.»

Questionado sobre a expulsão do Neemias, Rafael comentou: «Obviamente, que perder a nossa referência, o nosso melhor jogador, num momento daqueles, é complicado. Mas, se há equipa que consegue responder a esses momentos, é esta. Unimo-nos. Quando ele saiu, a primeira coisa que me veio à cabeça foi perdemos o Neemias, perdemos a referência, mas logo a seguir pensei: ‘este jogo é para nós’».

«Quando este tipo de coisas acontecem neste tipo de equipas, com este tipo de carácter, quando nos unimos desta maneira e jogamos com o coração e com o carácter com que jogámos, é muito difícil ganharem-nos», justificando.

E como se sentiu ao ter de fazer os lances livres no final que vieram a decidir o resultado? «Uma pessoa também já está ali dentro do ritmo do jogo. Claro que sinto a responsabilidade, mas, como jogador profissional, desde miúdo que sonho com estes momentos. Sou uma pessoa e sou um jogador que gosta de ter a responsabilidade. Gosta de sentir que quando os momentos chegam tento estar o mais preparado possível e eu estava confortável», diz.

«E, na minha cabeça, sabia que ia marcar os lances livres e fui lá. Mantive a calma e marquei. Antes tinha lançado um que tinha falhado, mas é sempre o próximo lançamento, sempre o próximo tiro. Aliás, não comecei o jogo propriamente eficaz, nem sei se fiz boas percentagens, acho que não, mas, no final de contas, é seguir motivado, seguir confiante até ao fim, porque tudo pode acontecer. E a verdade é que eu e os meus colegas trabalhamos por estes momentos e merecemos muito esta vitória», rematou.