Nunca acontecera e foi em Málaga que haveria de suceder: Portugal venceu, na terça-feira à noite, a campeã europeia em título Espanha, por 76-74, no primeiro encontro de preparação para a face final do Campeonato da Europa de basquetebol. A seleção perdia por 44-31 ao intervalo e arranjou forma de virar o resultado.

A histórica façanha, porque insólita e tendo em conta as diferenças monstras entre o peso que o basquetebol tem nos dois países, foi saudada por Mário Gomes, selecionador nacional, no final da partida - com água gelada deitada para cima da eventual euforia. “Acho que não fizemos história nenhuma, fizemos um bom jogo, conseguimos um resultado importante. Temos de ter noção do que é que este jogo vale e saber que a maior parte do caminho ainda está por fazer.”

O treinador não escondeu estar “muito satisfeito” com a vitória, mas fez por manter os ânimos perto do chão. “Quando se ganha por dois, tem de se ter noção que também se podia ter perdido, mas isso, antes do jogo, não era o mais importante, nem é agora que ganhámos”, explicou, aprofundando o seu pensamento para realçar a que considera ser a maior lição a retirar da exibição: “Nesta altura, mostra que temos capacidade para competir a este nível, se ainda fosse preciso demonstrá-lo! Mas mostra, só isso!”

A equipa nacional volta a jogar na quinta-feira, desta feita contra a Espanha B, em Málaga, e no domingo, com a Argentina, em Madrid. Depois, defronta Islândia (15) e Suécia (16), em Braga, e o Sporting (21), em Sines.

Mário Gomes sublinhou a importância em manter a “cabeça no sítio, continuar a trabalhar, continuar a ser humildes e não embandeirar em arco porque ganhámos a Espanha”. O treinador, cauteloso na análise, defende que se alcançou uma “coisa que não sendo propriamente normal, também não é uma façanha do outro mundo”. Se houvesse outro jogo no dia seguinte, “se calhar seria diferente”.

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O selecionador, por outro lado, elogiou a presença de Neemias Queta, o único português a chegar à NBA, por muito ter ajudado a seleção: “aumenta a autoconfiança do grupo, o grupo acredita mais na sua capacidade com a presença do Neemias, e isso é muito importante na alta competição. No decurso do jogo, em determinados momentos, nomeadamente na parte final, ele foi muito importante. Sabemos que ele quer estar cá sempre, e queremo-lo cá sempre.”

Em 24 de agosto, Portugal parte para Riga, onde irá disputar o Grupo A, defrontando República Checa (27), Sérvia (29), Turquia (30), Letónia (1 de setembro) e Estónia (3). Para chegar aos ‘oitavos’, terá de ficar num dos quatro primeiros lugares.

A seleção nacional conta três participações na fase final, tendo sido 15.ª, entre 18 equipas, em 1951, em França, edição que jogou por convite, antes do 9.º lugar entre 16, em 2007, em Espanha. Na mais recente participação, em 2011 na Lituânia, acabou na 21.ª posição entre 24 equipas, com o pleno de cinco derrotas.

A fase final do Europeu de 2025, que será a 42.ª edição do evento, realiza-se na Letónia, Chipre, Finlândia e Polónia, entre 27 de agosto e 14 de setembro.