Na Amoreira, o Benfica mostrou duas caras. Ainda assim, foi capaz de vencer o Estoril Praia, na 32ª jornada da Liga Portugal Betclic, por 1-2. Por isso, as águias estão na liderança do campeonato, três pontos à frente do Sporting, que responde no domingo.

Para colmatar as ausências de peso - Pina, Holsgrove e Xeka -, Cathro confiou em Pedro Carvalho, Orellana e Zanocelo. Do outro lado, a entrada de Dahl para o lugar do suspenso Carreras não chocou; a surpresa de Lage prendeu-se pela direita, onde Amdouni ganhou a corrida a Di María e Schjelderup.

A cara alegre e dominante

Sem querer escorregar antes do dérbi - que ganha contornos mais decisivos e entusiasmantes a cada dia que passa -, as águias mostraram-se incomodadas com o marcador a zeros e, por isso, foram para cima, apesar da primeira aproximação à área contrária ter sido canarinha.

A receita para o sucesso foi descoberta cedo: circular rápido e procurar o espaço no corredor direito. À primeira, Aursnes tirou as medidas, à segunda não perdoou. Marcador aberto aos sete minutos.

Pavlidis e Bacher num duelo @Kapta+

Seguiram-se minutos de posse para o Estoril, em zonas adiantadas, mas não o suficiente para fazer cócegas a Trubin. Não obstante, sempre que o Benfica colocava a palavra "ataque" na cabeça, chegava com perigo, muito graças ao trabalho invisível de Pavlidis, fundamental a baixar e a dar apoio aos médios.

Com o passar do tempo, a superioridade encarnada já exigia outra vantagem. As águias recorreram à bola parada - estratégia que tantas vezes tem trazido frutos - para engordar o marcador. Otamendi antecipou-se a Robles para responder com sucesso a um livre cobrado por Dahl e fez de 24/25 a época mais goleadora da longa carreira.

Tudo simples contra um adversário que até mostrava ideias e processos atraentes - sempre com João Carvalho em evidência -, mas longe de serem eficazes.

A cara adormecida e tremida

O regresso dos balneários foi demasiado morno. O Estoril Praia não conseguia sair e ter bola no meio-campo adversário, o Benfica estava confortável com a vantagem e não acelerava muito.

O cenário parecia perfeito, mas teve um pequeno percalço. Antes da hora de jogo, Amdouni sentou-se no relvado e pediu a substituição. Com queixas na coxa, o suíço saiu e ficou em dúvida para, pelo menos, a próxima jornada.

O «pequeno percalço» quase ganhou outros contornos, bem mais preocupantes. Frente a um adversário pouco incomodativo, só uma autossabotagem poderia tramar o Benfica. Foi o que (quase) aconteceu. Otamendi falhou um passe em zona delicada e, na sequência do lance, cometeu uma grande penalidade. No castigo máximo, Trubin agigantou-se e a barra protegeu as redes da recarga, mas ficou o aviso.

Ainda que falhada, a grande penalidade fez mal ao mindset encarnado. O Benfica passou a fazer pouco mais que defender e o Estoril Praia cresceu no jogo - Guitane foi fundamental nas associações entrelinhas.

Otamendi esteve no melhor - golo - e no pior - penálti feito. @Kapta+

Estava a cheirar a golo por todos os lados, tal era o - surpreendente - domínio canarinho. Zanocelo sentiu o adversário amedrontado e subiu à grande área para, de cabeça, dar o melhor seguimento a um cruzamento nascido pela direita. Partida relançada.

Até ao final, a partida pautou-se, sobretudo, pelos nervos. Se de um lado, o objetivo era repor a igualdade, do outro era não perder a vantagem.

Terminados os oito minutos de compensação - longos para muitos -, o Benfica confirmou a vitória.

Assim, estamos a meio caminho para, no dia 10 de maio, termos um dos dérbis mais importantes da história do futebol português.