A pressão sobre Pecco Bagnaia nunca foi tão intensa. O bicampeão do mundo de MotoGP, que em 2024 somou 11 vitórias, enfrenta em 2025 uma queda dramática de rendimento — apenas um triunfo em toda a temporada até agora. A glória que outrora parecia garantida transformou-se num pesadelo de inconsistência, e com apenas nove corridas por disputar, a liderança que chegou a ser confortável está agora reduzida a magros 43 pontos sobre Marco Bezzecchi e a sua Aprilia.

Na box da Ducati, Luigi Dall’Igna encara um dilema delicado. Casey Stoner já deixou no ar que poderia ser necessário um corte radical, mas o diretor técnico da marca de Borgo Panigale vê a raiz do problema noutro ponto: a mente do piloto.

“Não tenham dúvidas: a situação do Bagnaia é sobretudo mental”, sublinhou Dall’Igna, apontando que, apesar do talento e da competitividade da GP25, a solidez psicológica é tão vital como o braço direito no acelerador.

Enquanto Marc Márquez acumula vitórias e alimenta a sua hegemonia, Bagnaia parece preso num ciclo vicioso: rápido às sextas-feiras, irregular aos domingos. O oitavo lugar no Red Bull Ring foi o retrato mais cruel dessa fragilidade, deixando ainda mais evidente o fosso para o colega de equipa.

Pior: Bagnaia não pode falar abertamente sobre as limitações da GP25 devido às regras internas da Ducati. Sem desculpas públicas, vê-se obrigado a confiar cegamente na equipa, ao mesmo tempo que as oportunidades escapam. E as consequências financeiras também pesam: um eventual falhanço no top 3 do campeonato significaria perder bónus milionários.

O risco é claro: atingir um “ponto sem retorno” na relação com a Ducati. Para o evitar, todas as soluções terão de ser exploradas — gestão de pneus, afinações eletrónicas, e até a travagem, um dos pontos fortes históricos de Bagnaia. Mas o relógio não pára. Com o horizonte de 2027 e a revolução técnica à vista, a grande dúvida é se Pecco terá estofo mental para se reinventar dentro de Borgo Panigale… ou se estará na hora de virar a página.

O campeonato ainda não está perdido. Se reencontrar o seu instinto competitivo, Bagnaia pode voltar a ser um candidato temido. Mas se continuar prisioneiro das suas barreiras psicológicas, o caminho está aberto para Bezzecchi tomar o lugar no pódio e transformar a temporada de Bagnaia numa história de oportunidades desperdiçadas.