É a mãe da trivela. Muito antes de Ricardo Quaresma se tornar um especialista no remate de três dedos, nos anos 50 do século anterior um brasileiro eternizou uma forma única de bater a bola e que o próprio cunhou-a: o remate de folha seca.

«É como uma folha de árvore no outono», diria mais tarde Waldir Pereira, conhecido por Didi. A obra nasceu no Maracanã, em abril de 1957. O médio marcou o único golo do jogo (1-0) frente ao Peru, nas eliminatórias que levariam os brasileiros ao Mundial da Suécia. Foi um remate diferente de tudo o que o público estava habituado: três dedos a meio do couro, cortando-a, levando a que a bola subisse e descesse rapidamente, rodando sobre si mesma e desenhando um estranho efeito, um terror para qualquer guarda-redes.

Foi a solução que Didi encontrou para contornar uma lesão no tornozelo que o impedia de rematar com força. Mais tarde tentou ensinar o gesto e muitos dos jogadores que treinou. Mas se do ponto de vista teórico a tarefa possa parecer fácil, a execução só está ao alcance de poucos.

Juninho Pernambucano seria, décadas depois, e com bolas mais leves, um herdeiro desse engenho e Cristiano Ronaldo, um curioso de tudo o que de bom se fez no passado, também bebeu desses ensinamentos, somando muitos golos que homenagearam um precursor - Didi, campeão do mundo em 1958 e 1962 e um artista dos relvados.