O salto relutante de Miguel Oliveira para o papel de piloto de testes: uma carreira em jogo?

Num surpreendente volte-face no mundo do MotoGP, o ex-piloto da Aprilia Miguel Oliveira estará em negociações para assumir um papel de piloto de testes da Aprilia em 2026. Apesar do aumento dos rumores no paddock, o entusiasmo do português para esta função parece ser, no mínimo, reservado. Fontes ligadas ao meio garantem que o círculo de Oliveira já dialogou sobre uma possível colaboração com Lorenzo Savadori, atual piloto de testes, perspetivando uma expansão significativa do programa de desenvolvimento do construtor italiano.

Este cenário surge num momento em que a carreira de Oliveira atravessa uma fase delicada. O piloto luso, atualmente na Pramac Yamaha, é apontado como o mais provável a perder o lugar, após o anúncio da chegada do campeão do Mundo de Superbike Toprak Razgatlioglu à equipa na próxima temporada. Uma época marcada por lesões deixou o futuro de Oliveira na grelha do MotoGP em risco, levantando especulações sobre uma mudança para o Mundial de Superbike — hipótese que o próprio já admitiu, ainda que com reservas.

“O meu desejo é correr. Correr a sério. Tenho 30 anos e não me vejo verdadeiramente a fazer apenas testes”, confessou durante o fim de semana do GP da Hungria. Ainda assim, mostrou abertura: “A verdade é que nunca sabemos o que pode ser um plano de desenvolvimento e um plano de wildcards para a próxima época.” Uma incerteza clara, enquanto reflete sobre o que poderá significar uma participação pontual em 2026, ano que antecede as grandes mudanças de regulamento previstas para 2027.

O futuro de Oliveira no MotoGP complica-se ainda mais com a provável continuidade do seu colega de equipa Jack Miller, cenário que reduz drasticamente as suas opções. Depois de duas temporadas (2023 e 2024) ao serviço da Aprilia, através das equipas RNF e Trackhouse, Oliveira assinou um contrato de dois anos com a Pramac. Contudo, a Yamaha acionou este verão uma cláusula de rescisão, lançando o português novamente para a incerteza.

O panorama atual dos pilotos de testes no MotoGP mostra um mercado saturado, com Honda, Yamaha e KTM a apostarem em múltiplos ex-pilotos para reforçar os programas de desenvolvimento. A Aprilia, por sua vez, continua a depender apenas de Savadori, o que já causou problemas logísticos graves quando surgiram lesões na sua estrutura.

Integrar Oliveira no programa significaria não só aliviar a carga de Savadori, mas também acrescentar experiência e versatilidade num projeto que procura dar o salto competitivo. A bagagem acumulada por Oliveira ao longo da sua carreira, entre Yamaha e KTM, poderia revelar-se um trunfo valioso para a evolução da Aprilia.

À medida que o mundo do MotoGP aguarda por novidades, uma coisa é certa: o próximo passo de Miguel Oliveira poderá definir toda a trajetória da sua carreira. Resta saber se aceitará a função de piloto de testes ou se lutará até ao fim por manter-se como piloto de competição no Mundial. O relógio não pára e todos os olhares estão postos no futuro do português.