
O fim de semana do Grande Prémio da Hungria de Fórmula 1 teve muitos motivos de interesse. Desde a emocionante luta tardia pela vitória entre os McLaren, de Lando Norris e Oscar Piastri, em que o britânico se impôs ao australiano, que teve de bloquear rodas numa tentativa de ultrapassagem para evitar colidir com o companheiro de equipa, as espantosas corridas do veterano Fernando Alonso e do novato Gabriel Bortoletto, ou ainda, na véspera, a incrível volta de Charles Leclerc que lhe deu surpreendente pole position.
No entanto, houve um tema, extracompetição, que cativou tanto ou mais as atenções do mundo da categoria rainha do desporto automóvel. As declarações de Lewis Hamilton no sábado de forte autocrítica após a dececionante qualificação, em que levantou questões sobre o seu futuro na Ferrari e na competição. Frustrado com o seu desempenho na temporada de estreia na Scuderia, o britânico definiu-se como «inútil» e sugeriu que a equipa italiana devesse substituí-lo.
Hamilton reiterou os comentários pessimistas após a corrida, que terminou na mesma posição em que partiu, fora dos lugares pontuáveis. Quando questionado pela Sky Sports F1 sobre a validade das declarações na véspera, o heptacampeão frisou: «Não [retifico] particularmente. Quando se tem um pressentimento, tem-se um pressentimento. Há muita coisa a acontecer nos bastidores que não é boa, por isso...» e afirmou-se «ansioso» pela habitual paragem para férias da competição - que regressa no fim de semana de 29-31 de agosto no Grande Prémio dos Países Baixos -, antevendo-a como retemperadora e assegurando continuar a gostar de competir.
Em comentário às declarações de Lewis Hamilton, o chefe de equipa da Mercedes, Toto Wolff, disse que condizem com a personalidade do piloto que liderou durante 12 anos na equipa da marca alemã, caracterizando-o como «emocionalmente transparente».
«Não, este é o Lewis a mostrar que tem o coração ao pé da boca», explicou Wolff. «Foi o que ele pensou quando questionado logo após a qualificação que não lhe correu nada bem».
«É o melhor de todos os tempos»
«Por isso, ele vai sempre culpar-se. É o melhor de todos os tempos. E será sempre o melhor de todos os tempos, e ninguém lhe vai tirar isso. Com certeza, houve sempre um fim de semana ou temporada que não correram como ele planeara», reforçou.
Toto Wolff não vê motivos para Hamilton antecipar a sua retirada da Fórmula 1. «Lewis tem assuntos pendentes na Fórmula 1. Da mesma forma que a Mercedes teve um desempenho abaixo do esperado neste último pacote de regulamentos, desde 2022, ele nunca apreciou os carros com efeito solo. Talvez tenha a ver com o seu estilo de condução», defendeu.
«Portanto, ele não deverá ir a lado nenhum. No próximo ano, os carros serão novinhos em folha, completamente diferentes de conduzir, com novas unidades de potência que precisam de uma forma inteligente de gerir a energia. O Lewis sabe disso, e espero que continue por muitos mais anos, e por certo que o próximo será importante», anteviu o diretor da Mercedes F1, que não duvida de que Hamilton continue a ambicionar o oitavo título de campeão, desde que o perdeu em luta com Max Verstappen em 2021.
«Se tiver um carro em que confie, que faça o que ele quer, sem dúvida», vincou. «Se ele tem um carro que não lhe está a dar o feedback que pretende, como os Mercedes dos últimos anos, e que parece que está a acontecer com o Ferrari esta temporada, então não. Mas se me perguntarem se tem essa motivação, sim, definitivamente».