
A luta pelo terceiro lugar sofreu ontem enorme revés no que às aspirações do SC Braga diz respeito. E o culpado foi um Casa Pia aguerrido e que, mesmo inferior em alguns aspetos do duelo, soube manter a personalidade que o tem conduzido a uma época história, já marcada por recorde de pontos e que ainda pode ser coroada com a melhor posição classificativa de sempre.
Ficaram, assim, os guerreiros do Minho a ver o pódio por um canudo, à conta de já não dependerem deles próprios para consegui-lo: se o FC Porto vencer este domingo o Boavista, no dérbi da Invicta, então as únicas hipóteses do SC Braga passarão por golearem o Benfica em casa na última jornada, ao mesmo tempo que os azuis e brancos de Martín Anselmi teriam de perder, no Dragão, com o Nacional, igualmente por números expressivos. Impossível? Nada é impossível no futebol, mas convenhamos que a missão bracarense ficou muito, mesmo muito complicada depois desta derrota com o Casa Pia que, sim, teve o seu mérito, mas que também contou com falhas do oponente para conseguir a fantástica reviravolta que ditou o resultado final.
Como prova desta última constatação basta olhar aos números mais evidentes: dispondo de cinco remates, os gansos, que, sublinhe-se, jogaram sem duas peças fundamentais (Leonardo Lelo, por opção por já ter acordo com o SC Braga para a próxima época, e José Fonte, que viu cartão vermelho na ronda anterior), marcaram dois golos; somando 21 disparos, o SC Braga celebrou apenas uma vez.
Entre os 20 falhados, destaca-se, desde logo, o primeiro, aos 5', quando Ricardo Horta com a baliza à mercê atirou para as nuvens — falhanço raro no melhor marcador da história bracarense (138).
Com João Moutinho, do alto dos seus 38 anos fresco como um jovem, a conduzir a orquestra, com Rodrigo Zalazar a empurrar a equipa para a frente e com o jovem Roger Fernandes, de 19 anos, a espalhar magia, o SC Braga controlava o jogo, era superior ao adversário e chegou, inevitavelmente, ao golo ao minuto 20, quando, assistido por Ricardo Horta, Zalazar abriu o livro e disparou de meia distância para um grande golo!
Respiravam os guerreiros, mas... não se deixavam abater os gansos, nem mesmo perante a sequência de lances de perigo junto da sua baliza, protagonizados (e desperdiçados) por Uros Racic (30'), Ricardo Horta (31') e Roger Fernandes (43').
Brilhava por esta altura Patrick Sequeira, segurando a desvantagem mínima que permitiu que, à beira do intervalo, um cabeceamento cheio de convicção de Benaissa resultou no 1-1 (45'), num lance em que os holofotes também incidiram em Livolant, autor do cruzamento perfeito para a cabeça do francês, depois de genialmente lançado na direita por Kraev. Balde de água fria para Carlos Carvalhal e seus comandados mesmo em cima do descanso.
Na segunda parte, mais do mesmo: o SC Braga a dominar a espaços, mas a revelar-se escandalosamente perdulário e o Casa Pia a fazer-se valer de elevadas doses de pragmatismo para não só suster todas as tentativas dos guerreiros como ainda conseguir a reviravolta, de novo com Livolant como protagonista, agora ele próprio a fazer o golo da vitória, após passe de Cassiano.
As derradeiras e ínfimas hipóteses do SC Braga na luta pelo terceiro lugar passam, agora, pelo escaldante duelo da última ronda com o Benfica. Será até ao fim?