A boa relação entre Gianni Infantino e Donald Trump não é novidade. Desde o primeiro mandato do presidente dos Estados Unidos da América, o líder da FIFA fez questão de protagonizar vários encontros com o inquilino da Casa Branca, os quais se somaram a manifestações públicas de apoio.

Em 2018, depois do Mundial da Rússia, Infantino foi recebido na Sala Oval. O suíço deu a Trump uma camisola com o número 26, em referência ao Mundial que decorrerá, no próximo ano, nos EUA, México e Canadá, e outra com o número 45, já que Trump era, então, o 45.º presidente dos EUA. Infantino ofereceu, ainda, um cartão amarelo e um vermelho a Trump e o nova-iorquino apresentou o símbolo da expulsão para o mostrar aos jornalistas.

A reunião repetiu-se em 2019, num dos campos de golfe detidos por Trump. Em 2024, depois do triunfo de Trump diante Kamala Harris, Infantino felicitou rapidamente o novo líder dos EUA, estando presente, depois, na tomada de posse. "A sua demonstração pública de apoio, como novo presidente dos Estados Unidos, especialmente ao Mundial de 2026, é um sinal de grande respeito para com a FIFA e no contínuo crescimento da nossa modalidade pelo planeta", expressou, então, Gianni, de 54 anos, que tece sempre palavras muito carinhosas para com Trump.

Anna Moneymaker

Ora, foi justamente a relação com Trump o centro das primeiras respostas que Infantino deu a perguntas de jornalistas em muito tempo. A última verdadeira conferência de imprensa do responsável máximo da FIFA foi em março de 2023.

Na sequência do tenso encontro entre Trump e Zelensky, o suíço abriu uma exceção ao seu habitual silêncio. Em Belfast, onde está a marcar presença numa reunião da International Board, a entidade responsável pelas leis do futebol, Infantino defendeu a proximidade que tem com Trump.

“É absolutamente crucial ter uma relação estreita com o presidente”, assegurou aos jornalistas, justificando esta necessidade com as competições que pisarão solo americano no próximo ano e meio. "Estamos a organizar o primeiro Mundial de Clubes, neste verão, e o Mundial, no próximo ano, com os EUA, México e Canada. E não nos podemos esquecer que, quando se deu a candidatura para este Mundial, Trump já era o presidente", lembrou o líder da FIFA, em referência à atribuição do torneio em 2017.

Há uma réplica do troféu do Mundial na Sala Oval, visível numa mesa do gabinete. Ainda assim, nos últimos meses, pessoas próximas da organização do torneio não têm deixado de notar algum desconforto perante o aumentar das tensões entre Trump e os co-organizadores da prova, o México e o Canadá.

Quanto à guerra da Ucrânia, Infantino foi questionado se Trump lhe pediu para readmitir a Rússia nas competições internacionais. Recorde-se que, desde a invasão, as seleções russas não participam em quaisuqer torneios organizados pela FIFA ou pela UEFA. Infantino garantiu que ninguém lhe fez tal pedido.

Chip Somodevilla

Ainda assim, o suíço, que em 2019 recebeu a "ordem da amizade"das mãos de Vladimir Putin, voltou a expressar o desejo de ver um cenário em que não haja países excluídos do jogo. "Queremos que todos os países joguem futebol".

"Todos queremos que as negociações de paz tenham êxito, porque é muito importante que haja paz. Quando houver paz, se houver um papel que o futebol possa ter, claro que desempenharemos o nosso papel", garantiu Infantino.

Presidente da FIFA desde 2016, Gianni Infantino foi ainda questionado sobre o polémico congresso virtual que, em dezembro, atribuiuo Mundial 2030 a Portugal, Espanha, Marrocos, Argentina, Paraguai e Uruguai e, quatro anos depois, levou a competição para a Arábia Saudita. Foram muitas as críticas a essa forma de atribuição, desde logo por não haver uma verdadeira votação, mas sim umaplauso numa videochamada. Também o registo de direitos humanos sauditamerece inquietações, preocupações e comparações com o do Qatar, organizador de 2022.

Numa breve resposta, Infantino recorreu a uma ideia que lhe é muito cara, dizendo que, naquele congresso, viu-se uma decisão que "uniu o mundo inteiro." "É um passo muito positivo para o futebol, conseguindo, em oito anos, ter futebol por todo o mundo, com todos a serem anfitriões. O futebol é o jogo de todos, toda a gente ama o futebol, é a modalidade número um no planeta. Temos de trazer todos para a mesa", considerou.