
O '4 Cantos do Mundo' é um podcast do jornalista Diogo Matos ao qual o zerozero se uniu. O conceito é relativamente simples: entrevistas a jogadores/ex-jogadores portugueses que tenham passado por pelo menos quatro países no estrangeiro. Mais do que o lado desportivo, queremos conhecer também a vertente social/cultural destas experiências. Assim, para além de poder contar com uma entrevista nova nos canais do podcast nos dias 10 e 26 de cada mês, pode também ler excertos das conversas no nosso portal.
Atualmente com 39 anos, João Moreira vai vivendo os últimos momentos da sua carreira na Nova Zelândia. O avançado, que conta ainda com passagens por Espanha, Brunei, Malta e África do Sul, teve a sua primeira experiência fora de portas no Rayo Vallecano, mas as coisas podiam ter sido diferentes...

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«Cheguei aos seniores do Estrela da Amadora e consegui destacar-me, fui marcando os meus golinhos. Tanto é que surgiu a oportunidade não do Rayo Vallecano nem do Valencia, mas sim do Real Madrid. Tive um jogo em Espinho e, ao chegar à Amadora, quando eu já estava a pensar no dia de aulas que iria ter, o mister António Conceição disse-me que no dia a seguir tinha de estar no aeroporto bem cedo», começou por contar, indo mais longe:
«Fui, encontrei-me como um agente e partimos para Madrid. Eu nem associei, até porque vinha do Estrela da Amadora e de um realidade em que a minha mãe, mesmo tendo autorizado a viagem, dizia que eu tinha de estudar. No entanto, quando cheguei reconheci logo a figura que estava à minha espera: o Emilio Butragueño. Levaram-me para o hotel e, no dia seguinte, disseram-me que ia conhecer uma pessoa importante.»
Entretanto, Emilio Butragueño não foi a única figura de relevo que o jovem João Moreira conheceu...
«Foram buscar-me, eu a sentir-me importante com o chauffeur [risos], e fomos a um restaurante incrível. Passámos a sala toda e fomos para um espaço privado lá ao fundo, onde estava o Luís Figo e a esposa. Mal consegui falar, estava completamente congelado. Ele deu-me uma série de conselhos e colocou-se totalmente à minha disposição, mas depois o Estrela da Amadora pediu muito dinheiro ao Real Madrid. Entretanto apareceu o Valencia disposto a pagar um valor fixo e o Estrela acabou por aceitar», recordou.
Anos mais tarde, o avançado teve a oportunidade de falar sobre a situação com o mais alto dirigente do Real Madrid:
«Quando eu já estava no Auckland City, fomos ao Mundial de Clubes. Entretanto, na entrega de prémios, eu começo a ouvir alguém chamar pelo meu nome lá ao longe. Quando me apercebo, era o Fábio Coentrão- com quem eu tinha jogado nas seleções jovens- lá da zona onde estava o Real Madrid. Abraçámo-nos, rebolámos no chão... Foi incrível. Estivemos à conversa e ele disse que queria a minha camisola, mas eu respondi que não podia porque era a única que tinha [risos]. Depois ainda falei com o Marcelo, com o Pepe e com o Florentino Pérez. Disse-lhe que estive perto do clube dele em 2005 e ele perguntou-me porque é que as coisas não resultaram. Eu respondi que foi uma questão financeira e ele só respondeu 'Tinhas de me ligar e eu fazia logo o negócio...' [risos].»