Roberto De Zerbi, treinador do Marseille, foi questionado, na conferência de imprensa de antevisão do jogo com o Paris FC, referente à 2ª jornada da Ligue 1, sobre a mais recente polémica, relativa à rixa entre Adrian Rabiot e Jonathan Rowe, e não deixou nada por dizer.

«Não me vou prostituir por um jogador que nos faz ganhar jogos. Como disse Benatia [diretor desportivo do clube], joguei futebol durante muito tempo. Estou habituado a falar sobre o que se passa nos balneários, mas é preciso pôr as coisas em ordem. É necessário. Num local de trabalho, se dois funcionários lutam, como num pub inglês, com um colega no chão, porque ele perdeu a consciência, o que o empregador deve fazer em França? Duas soluções: suspensão ou demissão. Benatia e Longoria [presidente], conversámos por telefone no sábado e no domingo. Esperámos até segunda-feira para comunicarmos uma decisão clara: afastar os jogadores da equipa enquanto avaliávamos os seus sentimentos», começou por dizer.

«Num clube de futebol, como em qualquer outro lugar, deve haver uma hierarquia. O clube está acima de tudo. Antes dos jogadores, vem o treinador e o clube. Na história recente, o Marselha tem sido protagonista por uma falta de ordem, uma falta de ética dentro do clube. Por isso, tivemos que tomar esta decisão justa, temporária no início. Era o que o clube devia fazer. Esta luta, em que os seguranças tiveram de nos defender, separar os jogadores... é a única vez que vi algo assim. Venho da rua, estou habituado a este tipo de coisas, mas ver os seguranças a defender-nos...», acrescentou.

O técnico italiano respondeu ainda à mãe de Rabiot, que havia deixado duras críticas à forma como o Marseille resolveu a situação, comparando com o tratamento dado a Greenwood, acusado de violência doméstica.

«O círculo próximo de Rabiot disse coisas falsas. Não sobre mim, mas sobre Pablo Longoria e Benatia. Eu sou sincero. Quando falam do presidente mencionando a 'corrupção', Pablo estava a defender o seu clube. Rabiot, esta manhã, veio falar comigo depois de uma semana. Benatia tinha uma relação próxima com Adrien. Além do futebol. O seu círculo de amigos sabe que ajudamos Adrien, na sua vida privada e em tudo o resto. Foi além do seu papel como diretor desportivo, por isso incomoda-me que a sua mãe os ataque. A mãe esqueceu duas coisas: eu decidi torná-lo capitão em Paris. E, em um ano, dei mais atenção e carinho ao filho dela do que ao meu próprio. É uma decisão justa, onde eu o aprecio como homem, mas no balneário e no clube, sabemos assumir o comando pelo bem do Marselha. Amanhã temos que jogar sem Rowe nem Rabiot, não é fácil. Eu poderia ter feito como se não tivesse visto nada», apontou.

«Não perco a minha dignidade por não perder o campeonato. Sempre apoiarei o clube. Sim, não quebraram os dentes, mas essa luta, nunca tinha visto nada parecido. Eu via o médico a tentar reanimar o outro jogador no chão, Rowe e Rabiot a lutar... No campo, é preciso mostrar coragem, como dizem, mas não entre companheiros. Ninguém se deve achar mais forte do que o clube. Existem outros jogadores fortes, outros treinadores fortes em todos os lugares, mas é preciso manter o nosso comportamento, ficar no nosso lugar. A longo prazo, isso será benéfico», acrescentou.

«Estes são os factos: na segunda-feira, quando comunicámos a decisão aos jogadores, era temporária. Depois, a situação descontrolou-se, não por culpa do Marselha, mas por causa do ambiente. Deixei o meu orgulho de lado, mas acho que não sou ninguém para ser mais importante do que Rabiot. Existe uma hierarquia. Que a mãe de Rabiot se permita dizer que demos uma segunda oportunidade a Greenwood... é uma loucura. Estamos a falar da vida privada aqui. Não é justo falar de outras pessoas. Estamos a falar de uma luta num local de trabalho. Então, quando a mãe de Rabiot diz que eu ladro, é verdade, como se vê no documentário sobre o Marselha, mas às vezes também sou capaz de abraçar, de mostrar a Rabiot que estamos com ele. Há dez dias, quando ele estava à procura de uma casa, eu disse que lhe daria a minha casa em Aix-en-Provence e que eu iria para um hotel», concluiu.