Conceituado comentador, até pela carreira de jogador que fez - mais de 700 jogos ao serviço do Liverpool -, Jamie Carragher utilizou as imagens do Ipswich-Manchester United para analisar ao detalhe, na Sky Sports, a estreia de Ruben Amorim em Inglaterra.

Carragher identificou alguns momentos que deixaram o técnico português irritado, nomeadamente a forma como os red devils (não) encaixaram nos jogadores adversários em momento defensivo. Um dos lances identificados mostra Hutchinson, do Ipswich, a receber a bola solto na zona central, entre linhas, e o comentador da Sky explica que Amorim queria Jonny Evans a controlar esse adversário, em vez de ficar 'agarrado' à linha de três que formou com Mazraoui e De Ligt.

«Na verdade conseguemos ver que Amorim não está feliz, está frustrado, mas são ainda os primeiros dias no Manchester United», realça Carragher, enquanto aponta para a reação do técnico no banco.

O antigo jogador do Liverpool apresentou depois outro lance, no qual Casemiro hesita em sair na pressão, com receio de desproteger a zona central do meio-campo. Amorim decide mesmo por gritar para dentro de campo e o brasileiro sai na pressão. Na sequência, o Manchester United acaba a pressionar como o treinador português quer: com Casemiro e Evans junto à área contrária.

«Diferentes sistemas dão-te coisas diferentes em zonas diferentes. Para mim o ponto fraco está nestes espaços, junto aos médios. Quando jogas com uma defesa de quatro, o lateral do lado contrário pode fechar por dentro e ajudar. Mas quando jogas com uma linha de três, então a tendência é jogar em largura, e mesmo os alas ficam abertos e projetados. Isso significa que terás muito espaço junto aos médios, especialmente se os dois jogadores que aparecem ali na posição 10 não recuarem», resumiu Carragher.

O comentador da Sky recordou, de resto, as referências que Amorim fez à exibição de Evans, no final do encontro. «Ele falou muito da questão do Evans não saltar na pressão para ir agarrar um jogador. O Ipswich jogava no mesmo sistema, era quase um jogo homem a homem. O futebol atual é assim», acrescentou.