
José Ribeiro, diretor de tecnologia do Benfica em 2017, confirmou esta quarta-feira, durante o julgamento de Rui Pinto, pirata informático criador do Football Leaks, que o clube dos encarnados foi alvo de um ataque informático antes de serem divulgadas informações confidenciais no Porto Canal.
«Identificámos o acesso a diversos ficheiros internos de dados, bem como várias campanhas de phishing [...] ocorreram em horas noturnas [...] alguns tinha origem em países estrangeiros [...] com um IP húngaro e outro francês [...] anteriores às divulgações feitas no Porto Canal e no blogue mercado Benfica», esclareceu, na sessão em tribunal, José Ribeiro, citado pela agência Lusa.
O diretor benfiquista confirmou também, ainda segunda a Lusa, o acesso indevido a contas profissionais, e recolha de dados, de várias figuras do Benfica, entre as quais Rui Costa, o atual presidente das águias, Luís Filipe Vieira, antigo presidente, e Domingos Soares de Oliveira, administrador da Benfica SAD na altura.
«O que era divulgado no Porto Canal, nomeadamente valores de transações de jogadores e informação sobre atividade de gestão desportiva, era escolhido», esclareceu ainda José Ribeiro, que, recorda, no Benfica foram feitas várias diligências quando foram detetadas as irregularidades.
Rui Pinto enfrenta, no Juízo Central Criminal de Lisboa, o segundo processo contra ele. Responde por 242 crimes relacionados com o acesso a emails do Benfica e de outras entidades. O criador do Football Leaks foi pronunciado para julgamento a 4 de março, com o Tribunal Central de Instrução Criminal a amnistiar o arguido em 134 crimes de violação de correspondência, com base na aplicação da lei da amnistia aprovada em 2023, durante as Jornadas Mundiais da Juventude, uma vez que os crimes que são imputados foram alegadamente praticados antes de ter completado 30 anos.
Rui Pinto responde por 201 crimes de acesso ilegítimo qualificado, 23 crimes de violação de correspondência agravados e 18 crimes de dano informático.
Além do Benfica, entre as figuras e instituições visadas encontram-se também outros clubes, Liga, empresas, sociedades de advogados, juízes, procuradores, Autoridade Tributária e Rede Nacional de Segurança Interna.