O britânico Ben Turner foi chamado à última hora para competir na Volta à Espanha e esta terça-feira somou a sua primeira vitória numa grande Volta, numa quarta etapa em que o francês David Gaudu chegou à liderança.

Depois de ter estado nas duas primeiras etapas da Renewi Tour, na Bélgica, Turner abandonou para se juntar à equipa da INEOS na Vuelta e a aposta de última hora mostrou-se certeira, com a maior vitória da carreira do britânico a surgir num sprint caótico em Voiron, em França, 206,7 quilómetros após a partida de Susa, em Itália.

"Foi uma semana doida. Queria vir à Vuelta, ainda tinha alguns problemas com a minha perna desde o Giro, mas a equipa acreditou em mim e fui ao Renewi Tour, depois disseram-me que precisavam de mim. Claro que disse que sim. Fazia tudo para estar nestas corridas", disse.

Os últimos quilómetros do percurso foram caóticos e perigosos, com muito mobiliário urbano e várias curvas a obrigar os ciclistas a um constante ziguezague, que não permitiu a colocação dos 'comboios' das equipas dos sprinters, que, mesmo com um final a subir, tinham uma das poucas oportunidades.

A Alpecin-Deceuninck foi a equipa que melhor se colocou para a reta final, mas o belga Jasper Philipsen acabou por ficar preso entre o seu companheiro e compatriota Edward Planckaert e o britânico Ethan Vernon (Israel-Premier Tech), não conseguindo responder ao forte arranque de Turner.

Com ajuda preciosa do experiente polaco Michal Kwiaktowski, que o guiou na parte final, Turner acabou por vencer em 4:50.14 horas, à frente de Philipsen, que tinha vencido a primeira etapa, Planckaert e Vernon, considerando que esta tem sido "uma semana de loucura com muitas emoções".

"É um sentimento incrível. Fiquei devastado no primeiro sprint, por a minha corrente ter saltado, mas acreditei em mim hoje. Senti-me bem o dia todo. [...] O que os rapazes [companheiros de equipa] fizeram hoje, e o 'Kwiato' [em especial], foi fantástico", afirmou.

Na luta pela geral, Gaudu (Groupama-FDJ) sabia que precisava de ficar oito lugares à frente do dinamarquês Jonas Vingegaard (Visma-Lease a bike) para conseguir, pela primeira vez na carreira, vestir a camisola de líder numa das grandes Voltas, algo que conseguiu com o 25.º lugar, 17 postos à frente do vencedor em 2022 e 2023 do Tour.

"Senti uma grande emoção no pódio, foi a sensação mais incrível da minha carreira. Ainda por cima poder partilhá-la com o público francês, que é sempre maravilhoso. Depois das más recordações do Giro e de não ter podido estar no Tour, agora chegam momentos especiais", disse Gaudu, que tinha como melhor posição durante uma grande Volta o segundo lugar na Vuelta em 2024 e este ano .

O ciclista gaulês, que já tinha tentado somar segundos de bonificação no sprint intermédio, tem o mesmo tempo de Vingegaard e oito segundos de avanço sobre o italiano Giulio Ciccone (Lidl-Trek).

Apesar das três contagens de montanha na primeira metade da etapa, esperava-se, como se verificou, um dia mais tranquilo para os homens da geral, com as equipas dos sprinters, em especial a Lidl-Trek, que viu o dinamarquês Mads Pedersen falhar de novo no final, a controlar a corrida até ao final, não dando hipóteses aos fugitivos.

Os favoritos chegaram no pelotão, entre os quais o português João Almeida (UAE Emirates), que manteve o 11.º lugar na geral, a 16 segundos de Gaudu.

Ivo Oliveira (UAE Emirates) cortou a meta na 40.ª posição, quatro acima de Almeida, subindo para o 122.º lugar da geral, a 12.19 minutos.

Na quarta-feira, num dia que pode ser importante para a luta pela camisola vermelha, a Vuelta entra finalmente em Espanha, com um contrarrelógio coletivo de 24,1 quilómetros, com partida e chegada a Figueres, na Catalunha, para o qual a Groupama-FDJ e a Visma-Lease a bike já partem com um ciclista a menos.