
O '4 Cantos do Mundo' é um podcast do jornalista Diogo Matos ao qual o zerozero se uniu. O conceito é relativamente simples: entrevistas a jogadores/ex-jogadores portugueses que tenham passado por pelo menos quatro países no estrangeiro. Mais do que o lado desportivo, queremos conhecer também a vertente social/cultural destas experiências. Assim, para além de poder contar com uma entrevista nova nos canais do podcast nos dias 10 e 26 de cada mês, pode também ler excertos das conversas no nosso portal.
Atualmente com 29 anos, Diogo Barbosa conta com passagens por Inglaterra, Chipre, Bulgária, Malta e Austrália. Neste último país, o médio representou o Mt Druitt Rangers, clube que militava na 2ª divisão. De forma natural, quisemos saber mais sobre a passagem do internacional jovem por Portugal por uma destino um tanto ao quanto exótico em termos futebolísticos.
«Estava numa fase não muito positiva da minha vida e não estavam a aparecer propostas em que o salário fosse razoavelmente bom. Lá era, portanto disse "Se tem de ser, tem de ser". A proposta veio de um treinador português; ele disse-me que eu ia gostar e que, se fizesse uma boa época, podia projetar-me para a 1ª divisão- o meu clube estava na 2ª», começou por contar, explicando depois como era a sua rotina:

«A liga não era profissional e o meu clube também não era. Tinha vários colegas que jogavam e trabalhavam, penso que só eu e mais outro jogador é que vivíamos apenas do futebol. Acabei por sentir que as coisas lá eram um pouco amadoras: treinávamos três vezes por semana e de noite... Nos dias de treino ficava em casa a descansar e à noite ia treinar; quando não tinha, pegava no carro e ia passear sozinho. Conheci bem a cidade de Sidney, que é perfeita.»
As condições não foram propriamente ao encontro do que Diogo Barbosa esperava, pelo que a experiência acabou por durar apenas três meses.
«Na 2ª liga da Austrália eles só têm duas vagas para jogadores estrangeiros e eu fui como figura principal do projeto. A ideia era eu fazer a diferença, mas as coisas não correram bem porque sozinho não dava. Lembro-me que, antes de todos os jogos, o presidente mandava-me uma mensagem a dizer 'Preciso de ti hoje'; eu só respondia 'Sozinho não faço milagres'. Tentávamos e não dava, portanto eles disseram-me que não valia a pena eu continuar lá a ser o que mais recebia no plantel», recordou.
Ainda assim, o médio ficou com algumas histórias engraçadas para contar: «Logo nos primeiros dias em que cheguei ao meu apartamento, encontrei uma aranha enorme. Para além disso, encontrava muitos cangurus. Da mesma forma como aqui vemos cães no parque, lá via cangurus. Acabou por ser uma experiência única, até porque os cangurus são animais enormes, mesmo os mais novos.»