27 de julho de 2024, Estádio José de Alvalade. O momento solene, a passagem de testemunho. Diante da emocionada plateia leonina, Sebastián Coates entregou a braçadeira a Morten Hjulmand. O fim de uma era, o início de outra.

A escolha não foi propriamente surpreendente, apesar do pouco tempo passado em Alvalade - uma curta temporada. Hjulmand chegou e assumiu a titularidade com convicção - comandar, incentivar, acalmar... características essenciais num capitão e inerentes ao dinamarquês, como mostrou desde o começo.

Contudo, a carreira de Morten Hjulmand não começou em 2023/24, quando apareceu na Academia Cristiano Ronaldo para assinar pelo Sporting. Os adeptos mais curiosos ainda estudaram os tempos em que o dinamarquês foi giocatore no calcio, mas antes disso? O zerozero «viajou» até à Áustria, país onde o médio viveu uma parte fulcral da carreira.

Antes da aventura pelo Lecce, Hjulmand passou dois anos e meio pelo Admira Wacker, terceiro emblema que mais vezes participou na primeira liga austríaca.

Recordar o «franzino» dinamarquês

O capitão do Sporting representou o Admira 74 vezes. Em 70 dessas ocasiões, Andreas Leitner acompanhou o dinamarquês na subida ao relvado e é, atualmente, o segundo jogador que mais jogos tem com Hjulmand, só atrás de Antonino Gallo - no Lecce.

Andreas Leitner é uma figura do Admira - tem mais de 200 jogos pelo clube - e falou ao zerozero sobre os tempos em que partilhou o balneário com o «ex-franzino» Hjulmand.

Leitner assiste ao alívio de Hjulmand @Arquivo pessoal

«Assim que o vi, achei que tínhamos contratado um jovem franzino, mas bastante confiante - essa foi a minha primeira impressão. Muitas pessoas, inclusive, acharam que podia ser muito cedo para ele competir na primeira divisão. Depois de falar com ele e de o ver treinar, sabia que ele estava mais que pronto», afirmou o guarda-redes sobre o médio que, na altura, tinha 20 anos.

«Para mim, enquanto guarda-redes, foi ótimo jogar com o Morten, porque ele adora defender. Como capitão, foi ainda melhor, porque ele incentivava os colegas e dava tudo de si a cada jogo», admitiu.

90 minutos de «guerreiro», «excelente pessoa» no resto

70 jogos não são 70 minutos e dois anos e meio não são dois dias. Por isso mesmo, as relações aprofundaram-se o suficiente para Leitner conhecer a «excelente pessoa» que é o amigo Morten: «À medida que o conheci, apercebi-me que ele é um enorme guerreiro e um grande líder em campo. Fora do campo, descobri que é uma excelente, excelente pessoa - o mesmo para a sua família, que costuma vir à Áustria.»

qAinda falamos ocasionalmente pelo Instagram. Fico muito feliz por continuar tão humilde e ser tão boa pessoa como era aqui na Áustria
Andreas Leitner

Os elogios não ficaram por aqui e Leitner foi mais longe, colocando o ex-colega de equipa em primeiro num ranking considerável: «Para ser sincero, é o jogador mais focado que eu já conheci. Achei que ele tinha muito mais pela frente, mas são coisas que nunca podemos adivinhar. Por agora, está a fazer um trajeto fantástico e merece tudo o que lhe está a acontecer.»

Antes de receber a braçadeira de capitão em Alvalade e no Via del Mare - casa do Lecce - Hjulmand teve o exemplo de outros capitães que moldaram o seu trajeto. Leitner foi um deles e não esconde o orgulho ao ver a braçadeira no braço do dinamarquês: «Fui o capitão do Admira naquela altura em que jogámos juntos. Por isso, é muito especial para mim vê-lo a usar a braçadeira de capitão hoje em dia. Espero que ele tenha boas memórias e que tenha aprendido algumas coisas do seu antigo capitão (risos).»

Hjulmand abraça Leitner... com Haaland no chão @Arquivo pessoal

O passado foi contado, o presente está à vista de todos e, em relação ao futuro, Andreas Leitner não tem dúvidas: «O Sporting vai vencer e o Morten vai marcar no seu regresso à Áustria!»

A bola está do teu lado, Morten.