O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, alertou hoje para qualquer "decisão que seja tomada sem a Ucrânia", reafirmando que os ucranianos "não vão abandonar sua terra aos ocupantes".

"Qualquer decisão que seja tomada contra nós, qualquer decisão que seja tomada sem a Ucrânia, será uma decisão contra a paz" e "nasce morta", avisou Zelensky nas redes sociais.

"São decisões que não podem funcionar. E todos precisamos de uma paz real e genuína. Uma paz que as pessoas respeitem", adiantou.

As declarações surgem enquanto o Presidente norte-americano, Donald Trump, e o homólogo russo, Vladimir Putin, têm um encontro marcado para 15 de agosto no Alasca para tentar acabar com a guerra na Ucrânia, iniciada pela Rússia.

Esta reunião, muito aguardada, acontecerá sem Volodymyr Zelensky, que insistiu que quer estar presente e com uma participação europeia.

"Os ucranianos não vão abandonar a sua terra aos ocupantes", acrescentou.

Segundo o Presidente norte-americano, uma resolução do conflito incluirá concessões territoriais. Donald Trump, que prometeu várias vezes acabar com esse conflito, conversou por telefone várias vezes com o seu homólogo russo nos últimos meses, mas ainda não o encontrou pessoalmente desde que voltou à Casa Branca em 20 de janeiro.

A reunião cara a cara, anunciada para se realizar no Estado norte-americano do Alasca, será a primeira entre os dois líderes desde junho de 2019, no Japão, um ano depois de uma cimeira em Helsínquia, onde Donald Trump adotou um tom bastante conciliador com o homem forte do Kremlin.

Vladimir Putin não pisa solo norte-americano desde 2015, durante a presidência de Barack Obama.

Moscovo exige que a Ucrânia lhe ceda quatro regiões parcialmente ocupadas (Donetsk, Luhansk, Zaporíjia e Kherson), além da Crimeia, anexada em 2014, e que a Ucrânia abandone as entregas de armas ocidentais e qualquer intenção de adesão à Nato.

Estas exigências são inaceitáveis para Kiev, que quer a retirada das tropas russas do seu território e garantias de segurança ocidentais, incluindo a continuidade do fornecimento de armas e o envio de uma força europeia, condições a que a Rússia se opõe.

Na semana passada, o Presidente norte-americano lançou um ultimato à Rússia, que expirou na sexta-feira, para avançar nas negociações com Kiev, sob pena de novas sanções dos EUA.

A ofensiva russa em grande escala contra a Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022, causou pelo menos dezenas de milhares de mortes em ambos os países e enormes destruições.

Depois de mais de três anos de combates, as posições ucraniana e russa continuam irreconciliáveis. A Rússia é acusada de bloquear as negociações ao manter exigências máximas, mesmo com as suas forças tendo vantagem na frente e continuando a ganhar terreno.