Preparado nos últimos três meses, o novo modelo de funcionamento hospitalar para o atendimento em obstetrícia vai avançar com a necessidade de referenciação prévia em todos os hospitais, seja por um médico, pela linha SNS Grávida ou por transporte pelo INEM. Mesmo quem não respeitar o procedimento ficará sujeito a uma pré-triagem na Urgência por um enfermeiro especialista em saúde materna e obstétrica. As alterações são apresentadas na manhã desta terça-feira pelo presidente da Comissão Nacional da Saúde da Mulher, Criança e Adolescente, o pediatra Caldas Afonso.

A reorganização das urgências obstétricas irá incluir todas as maternidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS), mas na fase inicial será limitada à região de Lisboa e Vale do Tejo. A área da capital tem 13 hospitais com urgências obstétricas e os maiores constrangimentos na prestação assistencial por falta de obstetras para assegurar todas as escalas de serviço.

O novo plano prevê ainda um reforço do atendimento telefónico. Em cada hospitalar passará a existir um enfermeiro especialista para apoiar os enfermeiros generalistas da linha SNS Grávida e mesmo as grávidas que necessitem de uma ajuda mais diferenciada antes do encaminhamento para o hospital. Também na pediatria passará a existir uma linha dedicada aos casos pediátricos agudos. O objetivo é o mesmo: uma pré-referenciação antes da admissão no hospital.

Durante a discussão da estratégia, os peritos chegaram a equacionar o fecho literal da porta das urgências, obrigando as utentes a contactarem o hospital por campainha para pré-triagem antes da admissão. A ideia acabou por não avançar.

Também sem sair do papel vai ficar, para já, o encerramento de maternidades na Grande Lisboa. A medida é defendida há anos para permitir a concentração de serviços e equipas, por exemplo na nova Maternidade do Hospital de Santa Maria, contudo, a Comissão entendeu ser mais prudente ‘fechar’ primeiro a porta da Urgência ao invés de avançar já com o fecho de qualquer maternidade.

O objetivo do plano para a obstetrícia-ginecologia e pediatria é reduzir a procura das urgências em situações agudas sem gravidade clínica, como são os casos triados com as pulseiras azuis ou verdes. Na obstetrícia, para esses diagnósticos, o plano prevê como alternativa o acompanhamento nas consultas de cuidados primários ou mesmo da especialidade no hospital. Assim, os ‘casos verdes’ (pouco urgentes) serão encaminhados para uma consulta aberta hospitalar em 24 horas e os ‘casos azuis’ (não urgentes) para o centro de saúde no dia útil seguinte ou para uma consulta programada o mais cedo possível.