
O primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, disse hoje que a recuperação e reconstrução das áreas afetadas pelos fogos levará meses e anos e agradeceu a ajuda dos países europeus no combate aos incêndios.
"Demonstram o que significa a Europa, solidariedade e compromisso", disse Sánchez sobre a resposta ao pedido de ajuda de Espanha através do Mecanismo Europeu de Proteção Civil.
Espanha acionou este mecanismo em 11 de agosto e recebeu meios de combate a incêndios, tanto aéreos como humanos, de nove países da União Europeia (UE).
Através de protocolos bilaterais há ainda meios de Andorra e Portugal nos incêndios em Espanha.
"Agradeço a todos os países", disse hoje o líder do Governo espanhol, que falava a jornalistas nas Astúrias, no norte do país, depois de ter visitado o posto de comando de combate a um dos fogos que atinge esta região.
As Astúrias tiveram este ano uma onda inédita de incêndios, com dias em que chegou a haver 17 focos simultâneos na região, incluindo na zona do Parque Nacional Picos da Europa.
Sánchez reiterou que o Governo de Espanha vai declarar na próxima terça-feira, na reunião semanal do Conselho de Ministros, zonas de catástrofe várias das áreas afetadas pelos fogos, para iniciar o processo de avaliação de danos e prejuízos e "abrir a porta" à reconstrução e recuperação.
"Uma reconstrução que levará meses, se não forem anos", afirmou.
O líder do Governo espanhol voltou também a defender um "pacto de Estado" em relação às alterações climáticas e revelou que na próxima terça-feira o executivo vai formar uma "comissão interministerial" com esse objetivo.
"A emergência climática avança de forma cada vez mais acelerada e os efeitos são cada vez mais graves", disse Sánchez, que defendeu ser necessário "redimensionar e redefinir todos os aspetos relacionados com a mitigação e adaptação às alterações climáticas" e "transformar em políticas de Estado as políticas vinculadas com a emergência climática".
Sánchez sublinhou o exemplo do ocorrido nas Astúrias este ano, uma região que "nunca tinha tido de maneira recorrente temperaturas acima dos 40 graus [Celsius]".
Os incêndios das últimas semanas em Espanha já queimaram perto de 400 mil hectares, um recorde anual no país, segundo os dados, ainda provisórios, do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS), que tem registos comparáveis desde 2006.
Espanha é o país da UE com maior área ardida este ano até agora.
Num momento em que há troca de acusações em Espanha entre governo central (socialista) e governos regionais do PP (direita) sobre a mobilização e coordenação de meios para combater os fogos, Sánchez prometeu também levar esta questão à próxima Conferência de Presidentes (em que se sentam todos o chefe do Governo nacional e todos os presidentes das 18 regiões autónomas).
Em Espanha são os governos regionais que têm a tutela da proteção civil e do combate aos incêndios, podendo solicitar meios aos Estado central e pedir à Proteção Civil nacional que mobilize ajuda de outras comunidades autónomas.
A situação global dos fogos no noroeste e no oeste de Espanha (sobretudo as regiões da Extremadura, Castela e Leão e Galiza, todas na fronteira com Portugal), continua a melhorar hoje, pelo terceiro dia consecutivo, indicaram as autoridades locais.
A evolução favorável dos fogos coincide com uma descida das temperaturas e um aumento da humidade relativa desde terça-feira, após uma onda de calor de 16 dias consecutivos.
Ainda assim, segundo as autoridades locais, mantêm-se ativos perto de 20 fogos considerados de gravidade (classificados como de nível 2, numa escala que em Espanha vai do zero ao 4) na Galiza, Extremadura e Castela e Leão.