O Governo russo apresentou hoje um projeto de lei à câmara baixa do parlamento (Duma), para denunciar o tratado assinado em 2000 com os Estados Unidos para conversão de plutónio militar em combustível nuclear para uso pacífico.

O projeto de lei foi publicado hoje nos arquivos da Duma numa altura de tensão entre as duas maiores potências nucleares globais, com Washington a impor um ultimato a Moscovo para negociar a paz na Ucrânia, que invadiu há três anos e meio.

O tratado, assinado há quase um quarto de século, comprometeu os dois países a converter 34 toneladas de plutónio militar utilizado no fabrico de bombas atómicas no combustível pacífico MOX, uma mistura de óxido de urânio e óxido de plutónio.

A retirada deste tratado representaria mais um revés para a cooperação em matéria de desarmamento, após a retirada da Rússia e dos Estados Unidos do Tratado INF sobre mísseis de curto e médio alcance, do Tratado Antimíssil e do Tratado de Céus Abertos.

O único acordo de desarmamento ainda em vigor é o Novo START (START III), temporariamente suspenso pela Rússia em 2023 e previsto expirar em 2026.

O acordo sobre conversão de plutónio militar em combustível tinha sido ratificado pela Rússia em 2011, mas foi suspenso em outubro de 2016, após acusações de que os Estados Unidos tinham incumprido os seus compromissos por questões financeiras.

"Gastámos dinheiro e construímos uma central (de conversão). Somos mais ricos do que os EUA?", comentou na altura o Presidente russo, Vladimir Putin, acusando Washington de optar pela reciclagem de material radioativo em vez da destruição industrial, de forma a poder reutilizar o plutónio para fins militares "a qualquer momento".