O homem de nacionalidade portuguesa que matou quatro pessoas e feriu nove num casamento em Madrid em novembro de 2022 foi condenado esta semana a prisão permanente, a maior pena prevista em Espanha.

Micael da Silva foi condenado, por um tribunal de Madrid, a duas penas de prisão permanente reavaliada periodicamente, uma condenação prevista no Código Penal espanhol que pode traduzir-se, na prática, numa prisão perpétua se nunca for alterada pelos juízes nas sucessivas reavaliações.

Esta era a pena pedida pelo Ministério Público e também pelas defesas particulares, das famílias das vítimas.

Segundo a sentença, citada por diversos meios de comunicação social espanhóis, o português foi ainda condenado a outras penas de prisão, num cúmulo de 124 anos, pelos quatro homicídios consumados e os nove na forma tentada.

Micael da Silva foi também condenado a indemnizar vítimas em cerca de 1,3 milhões de euros.

O tribunal deu como provado que, em 06 de novembro de 2022, Micael da Silva, nascido em 1987 e residente em Espanha, lançou intencionalmente o carro que conduzia contra convidados de um casamento em Torrejón de Ardoz, na região de Madrid.

A procuradora do Ministério Público reiterou em tribunal, em 30 de maio, na última sessão do julgamento, que o homem acelerou o carro sabendo que havia pessoas perto e que as atropelou "com total vontade de lhes causar a morte ou assumindo que existia essa possibilidade".

Foi um ato "de brutalidade" e não se percebe arrependimento por parte do acusado, considerou a procuradora.

A defesa argumentou, durante o julgamento e nas alegações finais, que o português fugia de uma perseguição e agressão de convidados do casamento e pediu a absolvição, considerando que estava justificada pelo "medo insuperável" e pelo "estado de necessidade" do acusado naquele momento.

Micael da Silva foi julgado e agora condenado por quatro crimes de homicídio e mais nove de tentativa de homicídio.

Na acusação do Ministério Público, a que a Lusa teve acesso, lê-se que o arguido, conhecido como "o português" e com antecedentes penais, foi à festa de um casamento em Torrejón de Ardoz, com dois filhos e dois sobrinhos, tendo protagonizado um incidente dentro do restaurante, pelo que o grupo foi convidado a abandonar o local, já na madrugada de 06 de novembro de 2022.

A discussão continuou fora do restaurante e foi então, segundo o Ministério Público, que o acusado se dirigiu ao carro que tinha estacionado nas imediações e "acelerou o motor, sabendo da presença das pessoas ali concentradas".

"Com total vontade de causar-lhes a morte ou assumindo a possibilidade de que isso acontecesse, atropelou várias delas", lê-se no documento.

No atropelamento morreram uma mulher de 66 anos, dois homens, de 68 e 37, e um menor, de 17 anos, todos espanhóis.

Micael da Silva foi julgado por um júri popular que o declarou culpado em 03 de junho.