
Portugal é o país da União Europeia onde arde maior percentagem do território, revelam dados do Sistema Europeu de Informação de Fogos Florestais (EFFIS). Entre 2006 e 2024, em média, 1,05% da área nacional, (cerca de 92 mil quilómetros quadrados), foi destruída por incêndios, quase o triplo da registada na Grécia, segundo país mais afetado, segundo o jornal "Público".
Em 2025, os números já superam a média: até meados de agosto, 2,35% do território português (216.214 hectares) foi consumido pelas chamas. Em termos absolutos, apenas Espanha apresenta maior área ardida, mas devido à dimensão do seu território, a percentagem não ultrapassa os 0,68%.
O Chipre é o país com valores relativos semelhantes este ano, com 2,3% da área queimada, mas a média histórica do país (0,32%) que está abaixo da portuguesa.
Especialistas apontam a conjugação de vários fatores para explicar o cenário em Portugal: elevada frequência de ignições, vastas áreas florestais em zonas montanhosas, clima marcado por invernos com elevada produção de biomassa e verões de seca extrema, além de um sistema de combate excessivamente centrado na Proteção Civil.
Os dados do EFFIS diferem dos números do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), que até esta segunda-feira registava quase 184 mil hectares ardidos, devido a metodologias distintas de contagem.
O incêndio de Trancoso, iniciado há nove dias e que se juntou ao de Sátão, já é considerado o maior do ano e pode vir a tornar-se o maior de sempre em Portugal, segundo Paulo Fernandes, engenheiro florestal.