
O primeiro-ministro francês apelou hoje aos deputados para que "digam se estão do lado do caos ou da responsabilidade", um dia após ter anunciado a votação de uma moção de confiança em 08 de setembro.
"Este é o momento da clarificação e da verdade", afirmou François Bayrou numa intervenção na universidade de verão do principal sindicato francês, o CFDT, citado pela agência de notícias EFE.
Bayrou anunciou na segunda-feira que se vai submeter a um voto de confiança devido à proposta de orçamento de Estado para 2026, que prevê cortes de 44.000 milhões de euros, numa jogada considerada arriscada.
Se o voto de confiança não passar, um cenário possível dado que os centristas e conservadores que o apoiam não têm maioria absoluta, Bayrou terá de se demitir, o que abrirá uma nova crise governamental.
"Espero que os [deputados] que procuram a clarificação não se tornem os artífices do caos. Por isso, dentro de 13 dias, os [representantes] dos franceses vão escolher entre o lado do caos ou da responsabilidade", afirmou.
Bayrou reafirmou que os rendimentos mais elevados vão ser solicitados a fazer um "esforço específico" para o orçamento de 2026, se a Assembleia Nacional francesa aprovar a moção de confiança e permitir a continuidade do Governo.
Consciente de que não dispõe de uma maioria clara, Bayrou justificou na segunda-feira a moção de confiança com o argumento da clarificação política.
"Se tivermos uma maioria, o Governo é confirmado. Se não tivermos, o Governo cai", afirmou, então.
Os partidos de esquerda e a extrema-direita de Marine Le Pen anunciaram que vão rejeitar a moção de confiança.
A possibilidade da queda do Governo é uma hipótese que os mercados levaram a sério, refletida hoje numa nova queda na bolsa de Paris e no aumento do prémio que mede o risco financeiro da França.
Caso Bayrou caia, será o segundo primeiro-ministro demitido pela Assembleia em menos de um ano, depois da moção de censura que derrubou Michel Barnier em dezembro de 2024.