
O PS defendeu esta terça-feira que os truques do primeiro-ministro “têm a perna curta”, acusando Luís Montenegro de ter como “grande obra” a instabilidade que está “a parar o país” e que considerou ser a “verdadeira montenegrização” de Portugal.
Em conferência de imprensa na sede do PS, em Lisboa, Marcos Perestrello, porta-voz da candidatura socialista às eleições de 18 de maio, afirmou que “os trunfos eleitorais” reclamados pelo líder da AD, como o caso da solidez económica e ou a estabilidade financeira, são “a herança direta do Governo do PS”.
“Luís Montenegro esquece que os truques são como as mentiras, têm a perna curta. Não há truques ou mentiras que escondam que Luís Montenegro não melhorou o que estava mal e piorou o que estava bem”, acusou.
Para o dirigente do PS, o primeiro-ministro “vem agora queixar-se da instabilidade política e diz que o país não pode parar”. Porém, "é precisamente a grande obra de Luís Montenegro, a instabilidade política, e é precisamente a instabilidade política que está a parar o país. Essa é a verdadeira montenegrização do país de que falou ontem Luís Montenegro”, contrapôs, numa referência a uma expressão usada segunda-feira pelo primeiro-ministro no frente-a-frente que o opôs a Rui Rocha, líder da Iniciativa Liberal.
Para Marcos Perestrello, “a montenegrização do país é a paralisação provocada pela instabilidade política, causada pelos truques, pelas mentiras, pelas meias verdades, pelas manipulações, pela falta de transparência”. “Há um ano, Luís Montenegro fez uma campanha eleitoral em torno dos conflitos de interesses, das incompatibilidades e da prevenção de riscos. Toda essa conversa desapareceu”, criticou ainda.
O cabeça de lista do PS por Santarém ironizou que “Luís Montenegro tratou da ética dos conflitos de interesses com tanta transparência que este ano o assunto ficou invisível no programa de governo da AD”. “Certamente não foi por acaso ou desatenção. A única estabilidade real é aquela que assenta na verdade, na experiência e na visão para o país. E a única promessa segura que Luís Montenegro nos pode fazer hoje é a da instabilidade e a da paragem do país”, condenou.
Marcos Perestrello acusou o Governo de, apesar do legado de “contas certas” que recebeu dos governos socialistas, ter gastado o excedente herdado, degradado o saldo orçamental, enquanto “cortou as fitas das obras lançadas pelos governos socialistas e agravou os problemas que existiam”.
“Nas áreas com problemas, como a saúde, a educação ou a habitação, esses problemas agravaram-se e o governo procurou mascarar a realidade com truques”, condenou.
A estas áreas, o dirigente do PS acrescentou a questão do IRS, referindo que primeiro o Governo prometeu uma descida de impostos “que já estava aprovada pelo governo do PS”.
“E depois, com a alteração das tabelas de retenção do IRS, Luís Montenegro quis, mais uma vez, enganar os portugueses com truques, criando a ilusão de que tinha feito uma nova descida do IRS, mas agora as famílias estão a pagar quando antes recebiam reembolsos do IRS. Os truques, repito, são como as mentiras: têm as pernas curtas”, enfatizou.
Marcos Perestrello comentou ainda o caso das contas bancárias que alegadamente Luís Montenegro não teria declarado nas declarações de rendimentos que entregou no Tribunal Constitucional relativas a 2022 e 2023 (caso que o TC terá arquivado porque, segundo o PSD, foram "cumpridos todos os esclarecimentos adicionais solicitados".
"O Tribunal Constitucional pediu informações adicionais a Luís Montenegro sobre a existência de contas nessas condições e Luís Montenegro declarou-as tardiamente, declarou-as fora de prazo" pelo que, segundo o porta-voz do PS, "o que estava em falta aparentemente deixou de estar em falta". "Havia uma obrigação declarativa que estava por fazer e, quando foi feita, naturalmente deixou de haver questões relativamente a essa falta de declaração", concluiu.