De acordo com a Agência France Presse (AFP), os confrontos tiveram início pouco antes de a representante de Israel, Yuval Raphael, ter atuado na St. Jakobshalle, onde desde as 20:00 de hoje decorre a final do concurso, que é transmitida em direto para países de todo o mundo.

Empunhando bandeiras palestinianas, os manifestantes seguiam atrás de uma grande faixa onde se lia "Unidos pela Palestina" e um trocadilho com a palavra Eurovisão, "Liberta a tua visão", com um coração no lugar da letra v, descreve a AFP.

Os manifestantes queimaram uma bandeira de Israel e uma outra dos Estados Unidos da América e, num dos vários cartazes empunhados pelos manifestantes, pode ler-se "Cantar enquanto Gaza arde".

Esta edição do festival está a ficar marcada pelo conflito israelo-palestiniano, à semelhança do que aconteceu em 2024.

No ano passado, em Malmö, na Suécia, houve protestos nas ruas e dentro da arena que acolheu o concurso, em relação à participação de Israel, com vaias ao seu representante, Eden Golan, durante as várias atuações.

Já na quarta-feira, cerca de 200 manifestantes fizeram uma marcha silenciosa pelas ruas de Basileia.

No dia seguinte, durante a tarde, horas antes da segunda semifinal, durante o ensaio oficial, seis pessoas foram expulsas da St. Jakobshalle por interromperem, com vaias e assobios, a atuação da representante israelita.

Segundo a agência EFE, à noite, a segunda semifinal decorreu sem incidentes, com algumas vaias quase inaudíveis no início da atuação da representante israelita.

Hoje à noite, na emissão televisiva foram audíveis vaias no início da atuação de Yuval Raphael.

Há um ano, eram cerca de 30 mil as mortes registadas de palestinianos, causadas pela ofensiva militar israelita na Faixa de Gaza, número que é atualmente de cerca de 53 mil, na sua maioria civis, entre os quais muitas crianças.

Yuval Raphael é uma das sobreviventes do ataque do grupo extremista islamita Hamas em solo israelita, em 07 outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, e após o qual teve início a atual ofensiva militar israelita.

A presença de Israel no concurso este ano foi contestada por artistas que já participaram no concurso e pela televisão pública espanhola.

Mais de 70 músicos, entre os quais Salvador Sobral, António Calvário, Fernando Tordo, Lena D'Água e Paulo de Carvalho, apelaram à União Europeia de Radiodifusão (UER), para que excluísse a participação de Israel.

Numa carta aberta, os subscritores justificam o apelo com o facto de considerarem a televisão israelita KAN "cúmplice do genocídio contra os palestinianos em Gaza".

A carta, publicada conjuntamente pela organização não-governamental Artists For Palestine e pelo movimento Boycott, Divestment, Sanctions (Boicote, Desinvestimento e Sanções, em português, BDS), é assinada por cantores, compositores, músicos, bailarinos e membros de coro de vários países.

A televisão pública espanhola, RTVE, pediu a "abertura de um debate" sobre a participação da KAN no festival da Eurovisão, numa carta dirigida à UER.

O pedido da RTVE surgiu depois de terem sido lançadas petições na Finlândia, no final de março, pedindo à televisão pública finlandesa Yle que pressionasse a UER para excluir Israel da edição de 2025, por causa da guerra em Gaza.

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