"Tenho que agradecer agora muito mais porque estou vivo. A tentativa de me envenenar, a mim e ao Alckmin, não deu certo, nós estamos aqui", disse Lula da Silva num evento com empresários no qual fez a primeira declaração pública sobre um plano alegadamente formulado para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder.

Segundo a Polícia Federal, além de Lula da Silva, o plano também previa o assassinio do vice-presidente, Geraldo Alckmin, e do juiz Alexandre de Moraes, membro do Supremo Tribunal Federal (STF).

O Presidente brasileiro enfatizou hoje que decidiu candidatar-se nas eleições de 2022, que venceu na segunda volta numa disputa acirrada contra o ex-Presidente Jair Bolsonaro, porque desejava "devolver a normalidade e a civilidade democrática ao Brasil".

"Não quero envenenar nem perseguir ninguém. Quero medir por números e dados quem construiu mais escolas, estradas e obras neste país, porque é isso que vale um Governo", disse Lula da Silva.

Segundo as autoridades policiais, o suposto plano foi obtido a partir de provas recolhidas em investigações sobre uma tentativa de golpe de Estado após a derrota de Bolsonaro nas últimas presidenciais.

Esse inquérito culminou na prisão de quatro militares, incluindo um general que trabalhava no Palácio do Planalto durante o Governo anterior, e um agente da Polícia Federal, na terça-feira, durante a Operação Contragolpe realizada pela Polícia Federal.

A intenção dos suspeitos, segundo agentes da Polícia Federal, era assassinar o Presidente e vice-Presidente do Brasil e o juiz Alexandre de Moraes, tido como inimigo do 'bolsonarismo' e a quem Bolsonaro e os seus aliados acusam de manipular o processo eleitoral, para criar um comité de crise formado por militares, que manteria o ex-Presidente no poder.

O plano considerava a possibilidade de envenenar Lula da Silva e Alckmin antes da posse, que ocorreu em 01 de janeiro de 2023.

A existência deste alegado plano pode ter ligação com outros inquéritos em curso, como a investigação sobre a invasão das sedes dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro de 2023, uma semana após a posse de Lula da Silva.

Segundo fontes judiciais, a Polícia Federal pode concluir as investigações esta semana ou na próxima, e acusar dezenas de pessoas por todos estes acontecimentos, incluindo o próprio Jair Bolsonaro e alguns de seus ministros, antigos auxiliares e aliados próximos.

 

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