
Donald Trump participou esta quarta-feira numa videoconferência com os líderes europeus, e com a participação do presidente ucraniano, a dois dias de se encontrar com Vladimir Putin e discutir um possível acordo de paz na Ucrânia.
Depois de terminada a reunião, aos jornalistas Zelensky disse que “é preciso falar de um cessar-fogo, mas com garantias de segurança sólidas e fortes" e que o presidente norte-americano propôs-lhe entrar em contacto para discutir os resultados da reunião e, "se forem alcançados", definir os próximos passos.
O presidente ucraniano voltou, ainda, a sublinhar que “as negociações de paz têm de envolver a Ucrânia” e que tudo discutido esta terça-feira “pressupõe um cenário de vitória”, mostrando que há um consenso entre os aliados sobre ideia de que “caso não concorde com as propostas de paz, as sanções aplicadas à Rússia devem ser endurecidas”.
“ Tudo o que diz respeito à Ucrânia deve ser discutido apenas com a participação da Ucrânia. Devemos preparar um formato trilateral (juntamente com Trump e Putin) para as negociações. (...) O cessar-fogo deve ser a prioridade número um... Deve haver garantias de segurança verdadeiramente confiáveis”, cita a agência Reuters.
Zelensky acusou, ainda, Putin de estar a mentir sobre a intenção de acabar com a guerra. "Eu disse ao presidente dos EUA e a todos os nossos colegas europeus que Putin está a fazer bluff e que não quer paz. Ele está a tentar exercer pressão antes da reunião no Alasca em todas as partes da frente ucraniana. A Rússia está a tentar mostrar que pode ocupar toda a Ucrânia."
"Negociações devem incluir garantias de segurança robustas para Kiev"
Também o chanceler alemão, Friedrich Merz, disse que a reunião foi “construtiva” e enfatizou que "as negociações devem incluir garantias de segurança robustas para Kiev. As forças armadas ucranianas devem ser capazes e continuar a defender eficazmente a soberania do seu país. Devem também poder contar com a ajuda ocidental a longo prazo”.
Segundo o chefe do Governo alemão, que promoveu as conversações, a Ucrânia "deve estar à mesa" das negociações, após a cimeira entre Trump e o homólogo russo, Vladimir Putin, agendada para a próxima sexta-feira, 15 de agosto, numa base militar em Anchorage, no estado norte-americano do Alasca.
Merz afirmou que poderão ser tomadas "decisões importantes" em Anchorage, mas salientou que "os interesses fundamentais da segurança europeia e ucraniana devem ser protegidos" na reunião.
Territórios pertencentes à Ucrânia "só serão negociados pelo presidente ucraniano"
Mais líderes europeus falaram depois da reunião. O presidente francês, Emmanuel Macron, reforçou a ideia de que Trump quer alcançar um cessar-fogo na reunião com o Alasca. E disse que “os territórios pertencentes à Ucrânia não podem ser negociados e só serão negociados pelo presidente ucraniano”.
Mark Rutte escreveu nas redes sociais que a conversa foi bastante positiva. “Estamos unidos para pressionar pelo fim desta terrível guerra contra a Ucrânia e alcançar uma paz justa e duradoura".
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, diz que a unidade das opiniões é que as conversações devem focar-se num cessar-fogo e que deve haver pressão contínua sobre a Rússia.
Keir Starmer também afirmou que o apoio do Reino Unido à Ucrânia é "inabalável": "Todos os líderes concordaram que esta semana marca um momento importante para o futuro da Ucrânia".
Já a União Europeia (UE) e a Aliança Atlântica consideraram que houve uma boa discussão sobre o processo de paz na Ucrânia e disseram que estão "em coordenação" com Washington, a dois dias da reunião entre Trump e Putin.
"Tivemos uma boa conversa com o Presidente dos Estados Unidos da América, o Presidente Zelensky e outros líderes europeus", escreveu a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, nas redes sociais, acrescentando que todos estão "em coordenação próxima".
Por seu lado, o presidente do Conselho Europeu, António Costa, mostrou-se esperançado de que a reunião de sexta-feira entre os líderes norte-americano e russo, Donald Trump e Vladimir Putin, respetivamente, no Alasca, seja um "sucesso".
- Com Lusa