
O comboio blindado que transporta o líder norte-coreano Kim Jong-un entrou esta segunda-feira na China, deslocando-se em direção a Pequim, para assistir ao desfile militar na próxima quarta-feira, a convite do Presidente chinês, Xi Jinping.
A informação da chegada de Kim Jong-un à China foi divulgada pela agência de notícias sul-coreana Yonhap, citando a emissora estatal norte-coreana.
Esta rara viagem ao estrangeiro visa permitir ao líder norte-coreano assistir ao desfile militar que marca a rendição do Japão na Segunda Guerra Mundial, na quarta-feira, e abre a possibilidade de encontros com o Presidente chinês Xi Jinping e o seu homólogo russo Vladimir Putin.
Após esta viagem que leva entre 20 e 24 horas até à capital chinesa, Kim deverá estrear-se no palco diplomático multilateral, depois de nos últimos anos ter reforçado laços com Putin.
Kim está entre os líderes dos 26 países que deverão marcar presença no desfile comemorativo do fim da Segunda Guerra Mundial em que Pequim dá ênfase especial à rendição do Japão, que marcou o fim do conflito na zona do Pacífico e encerrou a colonização japonesa do território vizinho, incluindo a China.
Será a primeira vez desde que assumiu o poder, em 2011, com a morte do pai, Kim Jong-il, que o atual líder norte-coreano participa num evento multilateral deste tipo.
O avô e fundador norte-coreano, Kim Il-sung, participou num desfile militar em Pequim em 1959.
A presença de Kim em Pequim poderá preparar o terreno para um possível e inédito trílogo com Xi e Putin, numa mensagem poderosa entre os três aliados críticos dos Estados Unidos.
Kim também viajou de comboio na última visita que realizou à China, em 2019, perante rumores de que o líder norte-coreano tem aversão a aviões por questões de segurança.
Os laços entre Pequim e Pyongyang têm vindo a deteriorar-se nos últimos tempos em detrimento de um reforço da cooperação entre a Coreia do Norte e a Rússia, materializado num acordo com uma cláusula de assistência militar mútua em caso de agressão e mobilização de tropas norte-coreanas para participar na invasão da Ucrânia.
Além de uma oportunidade para a China endurecer a posição contra os Estados Unidos, para Kim esta será uma oportunidade de ouro para voltar aos holofotes após o isolamento a que submeteu o país devido à pandemia de covid-19 e depois da última viagem que fez ao estrangeiro, neste caso à Rússia, em setembro de 2023, quando ambos os países estavam a fechar o pacto de parceria estratégica.