Israel está em negociações com o Sudão do Sul, devastado pela guerra no leste de África, a possibilidade de o país realojar palestinianos da Faixa de Gaza, noticiou hoje Associated Press (AP).

Seis fontes conhecedoras do processo confirmaram as negociações à AP, sublinhando que fazem parte de um esforço de Israel para facilitar a emigração em massa da Faixa de Gaza.

Não se sabe até que ponto as negociações avançaram, mas, a confirmar-se o acordo, as pessoas seriam transferidas de uma terra devastada pela guerra há 22 meses e em risco de fome para outra na mesma situação, levantando preocupações com os direitos humanos, de acordo com a AP.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, referiu que quer concretizar a ideia do presidente norte-americano, Donald Trump, de realojar grande parte da população de Gaza através do que classific de "migração voluntária".

Os palestinianos, os grupos de defesa dos direitos humanos e grande parte da comunidade internacional rejeitaram a ideia por significar uma expulsão forçada, o que viola o direito internacional.

Israel apresentou propostas semelhantes de reinstalação a outras nações africanas, de acordo com a mesma fonte.

"Acredito que o mais correto, de acordo com as leis da guerra tal como as conheço, é permitir que a população saia e, depois, atacar com todas as suas forças contra o inimigo que lá permanecer", disse hoje Benjamin Netanyahu, em entrevista ao canal de televisão i24 e à estação de TV israelita, que não fez referência ao Sudão do Sul.

Donald Trump abordou a ideia de realojar a população de Gaza em fevereiro, mas não voltou ao tema nos últimos meses.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel recusou comentar e o ministro dos Negócios Estrangeiros do Sudão do Sul, Monday Kumba não respondeu a perguntas sobre as negociações.

O conflito no enclave foi desencadeado pelos ataques liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, onde perto de 1.200 pessoas morreram e cerca de 250 foram feitas reféns.

Em retaliação, Israel lançou uma vasta operação militar no território, que já provocou mais de 61 mil mortos, segundo as autoridades locais, a destruição de quase todas as infraestruturas do enclave e a deslocação de centenas de milhares de pessoas.