O porta-voz do exército israelita, contra-almirante Daniel Hagari, reivindicou, esta segunda-feira, ter abatido o comandante da unidade do Hezbollah responsável pela transferência de armas do Irão, num ataque aéreo em Damasco. Hagari não revelou o seu nome nem deu mais pormenores, mas disse que o comandante estava no cargo há apenas algumas semanas, na sequência da morte recente do seu antecessor.

Pelo menos duas pessoas foram hoje mortas e três outras ficaram feridas neste ataque com mísseis teleguiados, que teve como alvo um carro no bairro afluente de Mezzeh, em Damasco, indicou o Ministério da Defesa da Síria. Até ao momento, segundo as Forças de Defesa de Israel (IDF), foram eliminados sete comandantes de brigada do Hezbollah e reiteraram a intenção de continuar a ofensiva no sul do Líbano contra o grupo xiita apoiado pelo Irão.

"As IDF continuam as operações direcionadas no setor libanês e, em estreita cooperação entre a Força Aérea, foram eliminados até ao momento sete comandantes de brigada, 21 comandantes de batalhão e 24 comandantes de companhia da organização terrorista Hezbollah", indicou o Exército em comunicado militar a propósito do conflito com o grupo armado libanês, iniciado em 08 de outubro do ano passado e que se intensificou no último mês.

Relativamente ao número de mortos, as IDF registaram mais de dois mil membros do Hezbollah mortos, um número que inclui acima de 1200 militantes desde o início da ofensiva terrestre em solo libanês, a 1 de outubro.

Também esta segunda-feira, o Exército israelita atingiu do um 'bunker' do grupo xiita libanês Hezbollah que continha "dezenas de milhões de dólares", no âmbito da sua ofensiva no Líbano contra os interesses financeiros daquele movimento.

"A Força Aérea israelita efetuou uma série de ataques de precisão contra alvos financeiros do Hezbollah", disse o contra-almirante Daniel Hagari."Um dos nossos alvos prioritários era um cofre subterrâneo que continha dezenas de milhões de dólares em dinheiro e ouro. O dinheiro era utilizado para financiar os ataques do Hezbollah contra Israel", acrescentou, sem especificar a sua localização exata.

Outras notícias que marcaram o dia:

O ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, assinou um ato que declara como uma organização terrorista a entidade financeira Al-Qard al-Hassan, afiliada no grupo xiita Hezbollah, mas também usada por cidadãos libaneses comuns, informou o seu gabinete. O ato, assinado por recomendação do chefe do Estado-Maior do Exército israelita, Herzi Halevi, e do serviço de segurança nacional, Shin Bet, acrescenta a instituição à lista de organizações terroristas designadas por Israel.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos condenou os "danos consideráveis" causados em instalações civis pelos bombardeamentos israelitas que visaram uma organização financeira ligada ao movimento xiita Hezbollah no domingo no Líbano. "Condenamos o bombardeamento massivo israelita de várias áreas urbanas e residenciais que, segundo o exército israelita, teve como alvo instalações afiliadas à associação financeira Al-Qard al-Hassan", declarou em comunicado.

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, está "profundamente preocupado" com a divulgação de documentos confidenciais sobre a preparação de Israel para um potencial ataque de retaliação contra o Irão, indicou um porta-voz da Casa Branca.

Um ataque israelita no norte de Gaza contra instalações da agência da ONU para os refugiados palestinianos matou pelo menos dez pessoas e fez 30 feridos, noticiou a agência palestiniana WAFA. Já em Baalbek (leste do Líbano), pelo menos seis pessoas morreram, num ataque israelita.

O enviado especial norte-americano, Amos Hochstein, defendeu que a Resolução 1701 da ONU - que pôs fim à última guerra entre Israel e o Hezbollah em 2006 - continua a ser a base para um cessar-fogo no Líbano. "O compromisso que temos é resolver este conflito com base na Resolução 1701", disse Hochstein aos jornalistas, em declarações feitas na capital libanesa, Beirute, admitindo, no entanto, que o simples facto de ambas as partes se comprometerem a respeitar essa resolução "não é suficiente".

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, viaja, esta segunda-feira,para o Médio Oriente, na sua 11ª viagem à região desde o início da guerra em Gaza, quando Israel intensifica ataques contra o Hezbollah no Líbano.

O Irão reiterou que as armas atómicas não têm lugar na sua doutrina nuclear, apesar dos debates públicos e dos pedidos dos setores ultraconservadores para rever esta política face à escalada do conflito com Israel. "A política definida pelo país diz que as armas de destruição massiva não têm lugar na nossa doutrina de defesa", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, em conferência de imprensa.

A Comissão Europeia apelou aos Estados-membros da União Europeia (UE) para enviarem assistência médica urgente para o Líbano, na sequência do agravamento da situação humanitária desencadeada pelo conflito entre Israel e o Hezbollah.