O Gabinete para a Concorrência Económica (GVH) húngaro abriu um processo contra a companhia aérea irlandesa Ryanair por alegadas práticas comerciais desleais, possivelmente envolvendo fraude a passageiros, incluindo pressão psicológica durante compras 'online', informou esta terça-feira a entidade.

"É provável que a empresa induza os consumidores em erro e, além disso, exerça pressão psicológica para encaminhar os passageiros para os pacotes de serviços mais caros", afirmou o GVH, em comunicado citado pela EFE.

A autoridade húngara considerou que a Ryanair informa os consumidores de forma "confusa" sobre vários aspetos durante a compra de bilhetes 'online'.

Entre outros pontos, salienta que, no caso dos bilhetes de ida e volta ou para vários passageiros, a companhia não informa os clientes de forma "adequada" sobre a necessidade de adquirir serviços adicionais para cada percurso e para cada passageiro.

"A forma como os preços dos serviços opcionais são apresentados [no site da Ryanair] constitui, provavelmente, uma prática comercial desleal , uma vez que incentiva os consumidores a tomarem decisões de compra que, de outra forma, não tomariam", sublinhou a entidade.

A companhia aérea utiliza ainda janelas 'pop-up' e várias mensagens que surgem durante o processo de compra, com as quais a Ryanair "provavelmente, limita significativamente a liberdade de escolha e o comportamento dos consumidores em relação ao produto", o que poderá constituir uma prática comercial desleal, refere ainda o comunicado.

O GVH sublinhou que a abertura do processo, que pode resultar numa coima não especificada, não significa que a empresa tenha cometido a infração.

"Nos últimos anos, o GVH tem recebido um número crescente de queixas e denúncias sobre as práticas das companhias aéreas", refere a mesma nota.

A Hungria multou a Ryanair em 764 mil euros em agosto de 2022, depois de o Gabinete de Defesa do Consumidor ter determinado que a companhia aérea enganou os consumidores, ao considerar que a transportadora tinha aumentado os preços dos bilhetes para compensar o imposto extraordinário sobre as grandes empresas aprovado pelo Governo.

O presidente da Ryanair, Michael O'Leary, classificou o imposto como "um roubo" e uma "idiotice" e chegou mesmo a afirmar que o então ministro do Desenvolvimento Económico, Márton Nagy, era "um completo idiota".

A Ryanair liga Budapeste a 68 destinos europeus, incluindo Lisboa, Porto e Faro.