O ministro venezuelano do Interior, Diosdado Cabello, anunciou no sábado a apreensão de um arsenal explosivo com elevado poder de destruição em Monágas, cerca de 550 quilómetros a leste de Caracas, acusando oposição e EUA de "plano" terrorista.

O anúncio foi feito através da televisão estatal e, segundo o ministro, o arsenal explosivo estava distribuído em dois armazéns para ser usado num plano terrorista contra a população, ao qual vinculou os Estados Unidos e a oposição, designadamente a sua líder, Maria Corina Machado.

"Queremos alertar o povo da Venezuela sobre o quão perigoso e prejudicial este material pode ser. Sabemos que os responsáveis estão diretamente vinculados à senhora Maria Machado. Nada disto acontece espontaneamente, tudo é planeado pelo imperialismo norte-americano para prejudicar a Venezuela", acusou.

Diosdado Cabello especificou que foram encontradas 1.137 caixas de cargas ocas (com 54.000 unidades modulares), 35 rolos de cordão detonante, 125 detonadores elétricos e 46 não elétricos, multiplicadores de capacidade destrutiva, 82 cargas explosivas secundárias com pentolite, 61 sistemas de ponta de carga oca, telemóveis prontos a detonar explosivos à distância e diferentes tipos de combustível.

Na quinta-feira Diosdado Cabello, anunciou que as forças de segurança frustraram um ataque com explosivos em Caracas, tendo detido 15 pessoas, alegadamente vinculadas a unidades clandestinas de extrema-direita.

Segundo o ministro, o ataque tinha sido programado para as 11:32 locais do passado domingo, 03 de agosto.

Este ataque, ainda segundo Cabello, envolvia a colocação de explosivos numa zona da Plaza Venezuela, por onde passam diariamente milhares de pessoas.

"Prendemos os 15 principais [envolvidos]", disse o ministro durante uma conferência de imprensa em Caracas.

"O Serviço Bolivariano de Inteligência [Sebin, serviços de informações] fez uma rusga e encontrou material que acreditamos ser também dessa célula de violência, que [opositores] chamam de unidades clandestinas (...). Detivemos todos os que aqui participaram. Noutro grupo encontrámos provas que nos levam a acreditar que estão [também] envolvidos com o narcotráfico", disse.

Segundo Diosdado Cabello, as autoridades confiscaram engenhos, três quilogramas de explosivos, telefones analógicos e outros materiais estratégicos.

O ministro associou a líder da oposição Maria Corina Machado e os Estados Unidos à tentativa de ataque, afirmando que foi planeado a partir da Colômbia.

O desmantelamento teve lugar depois de a oposição ter instado os venezuelanos a se organizarem clandestinamente e a se prepararem para a ação cívica contra o regime na Venezuela.

O apelo foi feito nas redes sociais, por ocasião do primeiro aniversário das presidenciais de 28 de julho de 2024, em que Nicolás Maduro foi reeleito para um novo mandato.

A oposição insiste que Edmundo González Urrutia, o candidato apoiado por Maria Corina Machado, obteve mais de 70% dos votos.

"Este roubo do mandato popular marcou o início de uma nova etapa da nossa luta: mais difícil, mais perigosa, mas também mais determinada", explicou González Urrutia, num comunicado divulgado na rede social X.

No documento, acompanhado por um vídeo, o opositor sublinha que não se trata apenas de "uma luta entre partidos", mas "entre venezuelanos que exigem liberdade e um regime que só se pode sustentar com violência".

"É por isso que Maria Corina apela a todos para que façamos a nossa parte: nós, venezuelanos, devemos avançar na organização clandestina de todas as estruturas internas. Prepararmo-nos para a ação cívica, quando chegar o momento", afirmou.

No vídeo, Edmundo González Urrutia fala ainda das "injustiças", nomeadamente das "mais de 2.500 pessoas [que] foram detidas nos últimos 12 meses", diz que a Maria Corina Machado está a resistir na clandestinidade, e que a oposição não pode perder o terreno já conquistado.