O apoio aos agricultores, com prejuízos causados pelos incêndios, de valor inferior a 10.000 euros, começa a ser pago na próxima semana, assegurou na terça-feira o ministro da Economia e da Coesão Territorial.

"Esta semana estão a ser feitos os levantamentos e na próxima semana vamos começar a fazer os pagamentos aos agricultores, aqueles que forem inferiores a 10.000 euros", assegurou o ministro da Economia, Castro Almeida, em entrevista à RTP3.

O governante destacou a rapidez com que o apoio vai chegar aos beneficiários, acrescentando que, em alguns casos, como a alimentação animal, não é possível esperar mais.

Castro Almeida ressalvou que, atualmente, não é fácil encontrar no mercado alimentação animal, nomeadamente feno, e que esta opção está a ser comercializada a um valor elevado, precisamente face aos incêndios.

Contudo, referiu ter recebido do ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, a indicação que mais de metade das chamadas que chegaram à linha telefónica criada para reportar necessidades de apoio para os animais foi para oferecer bens e não para pedir.

"Não tenho notícia de que um animal tenha morrido à fome depois dos incêndios", sublinhou.

Já sobre a composição da floresta, Castro Almeida referiu que apesar de Portugal ter muitos eucaliptos, a quantidade de que dispõe não é suficiente para as necessidades da indústria.

Por outro lado, notou que existem empresas de celulose, donas de eucaliptais, que não ardem.

Assim, defendeu que os incêndios e a sua respetiva dimensão também se devem à desorganização da floresta.

O ministro da Economia e da Coesão Territorial disse ainda ser objetivo do Governo o incentivo à instalação de empresas no interior, destacando que já é dada uma maior bonificação para que tal aconteça e que existem concursos aos quais só podem concorrer candidatos a instalar fábricas no interior do país.

"A Justiça tem de ser rápida para ser eficaz"

Questionado sobre a estratégia do Governo para lidar com os incendiários, o antigo autarca destacou que mais de 100 pessoas estão preventivamente detidas, o que considerou ser "um excelente sinal", dado ser "o mínimo que se pede para um cidadão apanhar a pôr fogo".

Já sobre as penas aplicadas, afirmou ser mais defensor de decisões rápidas do que de grandes condenações.

"Eu quero é ver [um incendiário condenado], nem que seja a 10 anos, mas rapidamente. A Justiça tem de ser rápida para ser eficaz", apontou.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou na quinta-feira, em conferência de imprensa, em Viseu, onde decorreu o Conselho de Ministros extraordinário, um "novo instrumento legislativo" a adotar, a partir de agora, em circunstâncias similares às que o país viveu nas últimas semanas.

Entre as 45 medidas aprovadas está um apoio financeiro para a "rentabilização do potencial produtivo agrícola e um apoio excecional aos agricultores para a compensação dos prejuízos, mesmo através de despesas não documentadas", até ao máximo de 10.000 euros, bem como um plano para a floresta, a executar até 2050.