O mandato do chefe do Estado-Maior da Armada termina em dezembro e, por isso, “tudo o que disser agora é prematuro”, declarou nesta quarta-feira o almirante Gouveia e Melo a propósito de uma eventual candidatura às presidenciais de 2026. “Não considero justo que me tentem condicionar com perguntas antes de ter a liberdade de responder”, sublinhou em entrevista à RTP3.

“Obrigarem-me a dizer qualquer coisa agora é condicionarem-me”, reforçou Gouveia e Melo. Perante a possibilidade, responde: “Não incluo nem excluo.” Para a decisão, diz que teria de “sentir que seria útil para o país”, o que representa “um ‘se’ muito grande”. O almirante realça que “um militar, quando deixa de ser militar, é um cidadão como outro qualquer”. E exemplifica com Ramalho Eanes, o antigo Presidente que classifica como “um indivíduo extraordinário”, a quem a população “tem de estar muito agradecida”.

Gouveia e Melo diz mesmo que “considerar que um antigo militar não se pode candidatar à presidência é antidemocrático”. “A decisão cabe à população, não a comentadores nem correntes políticas”, defendeu. Sobre as sondagens que o apresentam com bons números, agradece o “relevo” dado, mas garante que a decisão, “seja ela qual for, não será condicionada por sondagens”.

Num balanço do trabalho desempenhado até agora enquanto chefe do Estado-Maior da Armada, o almirante refere que ainda está a “terminar a missão”, que julga ter sido “cumprida”. “Propus-me fazer uma alteração profunda da Marinha. Fizemos uma verdadeira revolução”, destacou. Depois de “45 anos de vida militar”, os planos de Gouveia e Melo passam por “continuar a contribuir para o país”. Resta saber de que forma. “A 100 dias do fim do mandato, não vou limitar as opções que podem ser tomadas.”