O comentador Luís Marques Mendes não gostou da audição da procuradora-geral da República Lucília Gago no Parlamento, na última quarta-feira. "Não apreciei a sua prestação nem a dos deputados. Lucília Gago mostrou como sempre um estilo muito arrogante, nunca reconhece uma falha e acha que cada crítica que fazem ao MP é quase um caso de Estado." Por isso, numa altura em que o mandato está prestes a terminar, o comentador é taxativo: "Sai e não deixa saudades."

Sobre o perfil do novo PGR, Marques Mendes defendeu que deve ser "independente", "com capacidade de liderança e comunicação". Se pudesse escolher alguém em concreto, o comentador reconheceu que seria alguém próximo de Joana Marques Vidal, a anterior PGR já falecida. Mas recusou-se a avançar com nomes ou até idades. "Desta vez vai correr bem", garantiu, lembrando os problemas relacionados com a sucessão de Marques Vidal há seis anos e que levaram Lucília Gago para a liderança do MP.

Sobre a fuga de cinco reclusos de Vale de Judeus, na manhã de 7 de setembro, Marques Mendes reconheceu que a ministra da Justiça Rita Alarcão Júdice poderia ter falado mais rapidamente ao país, no próprio dia da evasão, ou no dia seguinte. Mas considerou que a ministra "esteve bem" na prestação televisiva na última terça-feira. "Foi determinada", ao avançar com a demissão do diretor geral do sistema prisional, Rui Abrunhosa Gonçalves e com as duas auditorias às prisões.

Criticou alguns aspetos sobre a fuga: "Não falhou apenas a prisão de Vale de Judeus mas todo o sistema de segurança interna. Demorou várias horas que fosse as autoridades fossem alertadas para capturar os fugitivos." E não entendeu porque razão os mandados de detenção europeus e internacionais tenham sido emitidos quatro dias após a evasão. "Amadorismo", sentenciou.

"A fuga é algo grave." Ainda assim, desdramatizou o quadro geral da segurança, ao lembrar que Portugal está em sétimo lugar nos países mais seguros do mundo.

Marques Mendes também disse não entender como existem tantos cargos importantes no sistema de segurança que são "interinos": e deu os exemplos do diretor da cadeia de Vale de Judeus, da atual número um dos serviços prisionais e do diretor da Polícia Judiciária. "É uma anormalidade. Dá uma imagem de desleixo, negligência ou incapacidade de tomar decisões."