As imagens do final do encontro entre Donald Trump e Volodymyr Zelensky mostraram como o encontro entre os dois chefes de Estado foi diferente do anterior. O esforço de paz de Trump foi reconhecido também pelos líderes europeus, numa segunda-feira - e madrugada de terça-feira na Europa - onde não faltaram reações à reunião ocorrida na Casa Branca.

De acordo com Volodymyr Zelensky, citado pela Reuters, as garantias de segurança para o seu país serão detalhadas nos próximos 10 dias e Kiev está pronta para se reunir com Putin em qualquer formato e a cimeira deve decorrer sem quais quaisquer pré-condições.

Zelensky também confirmou a notícia avançada pelo "Financial Times": a Ucrânia está pronta para comprar armas aos EUA, no valor de 100 mil milhões de dólares, e essa compra servirá como moeda de troca nas garantias oferecidas por Washington. Os aliados europeus seriam responsáveis por financiar Kiev, que poderia ainda fechar um acordo de 50 mil milhões de dólares para a produção de drones com empresas ucranianas.

Alexander Drago

O papel da NATO

Mas o caminho não se fará apenas a dois. Os passos rumo a uma paz duradoura estão a ser dados também na dimensão supranacional, com o secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, a afirmar ainda segunda-feira que os Estados Unidos se envolverão num esforço de cerca de 30 países para garantir a segurança da Ucrânia no quadro de um acordo de paz com a Rússia.

O responsável holandês, ressaltou, porém, que na reunião esta segunda-feira na Casa Branca não foi acordado o envio de tropas da NATO para o terreno nem foi concretizado o papel dos Estados Unidos. Após o encontro do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, em Washington, Rutte declarou em entrevista com o canal de televisão Fox News que a Administração norte-americana "quer estar envolvida" num esforço internacional para garantir a segurança da Ucrânia, liderado pelo Reino Unido e pela França e que inclui nações como o Japão e a Austrália.

Isso não contempla a adesão da Ucrânia à NATO, mas sim "garantias de segurança do tipo do Artigo 5.º", a regra que estipula que uma agressão armada contra um membro da organização atlântica é um ataque contra todos os seus membros, esclareceu Rutte. "O que os Estados Unidos disseram agora é que querem estar envolvidos nisto. O que significará exatamente essa participação? Isso será discutido nos próximos dias», disse o líder da Aliança Atlântica.

Macron quer exército ucraniano robusto

O Presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou na segunda-feira que uma das garantias de segurança para a Ucrânia, a acompanhar qualquer acordo de paz com a Rússia, será um exército ucraniano suficientemente "robusto" para impedir novos ataques de Moscovo.

"Pude voltar esta tarde ao conteúdo dessas garantias de segurança, que são um exército ucraniano robusto, capaz de resistir a qualquer tentativa de ataque e dissuadi-lo, e, portanto, sem limitações em número, capacidade ou armamento", disse Macron aos jornalistas após reuniões na Casa Branca com os presidentes norte-americano, Donald Trump, e ucraniano, Volodymyr Zelensky, e ainda vários líderes europeus.

"Enquanto ele achar que pode vencer através da guerra, ele fá-lo-á", alertou o Presidente francês, referindo-se ao seu homólogo russo, Vladimir Putin, que Donald Trump recebeu na sexta-feira no Alasca e com quem voltou a falar na segunda-feira.

Alexander Drago

Encontro entre Putin e Zelensky nas próximas duas semanas

Friedrich Merz prestou declarações no final das conversações na Casa Branca. De acordo com a Reuters, o chanceler alemão adiantou que o encontro entre Putin e Zelensky deve acontecer nas próximas duas semanas e que as expetativas que tinha para esta cimeira foram superadas.

Merz aproveitou para elogiar Trump pelo facto de ter conseguido do Presidente russo o compromisso de uma reunião com o homólogo ucraniano, algo que aconteceu graças à já confirmada chamada telefónica feita a meio da reunião com os líderes europeus.

No entanto, o alemão também passou deixou transparecer algum ceticismo: "Não sabemos se o Presidente russo vai ter coragem para comparecer em tal cimeira. Por isso, é necessária persuasão".

O Presidente finlandês sublinhou a mesma desconfiança: Putin não merece confiança e Alexander Stubb está ainda cético relativamente ao comprometimento do Kremlin com o processo.

AARON SCHWARTZ / POOL

Trump inicia preparativos

Donald Trump iniciou os preparativos para um encontro entre Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky, "numa localização a determinar", isto após ter falado com o primeiro. A informação é dada num post da rede social do Presidente dos EUA, Truth Social, e na mesma acrescenta-se ainda que a essa reunião seguir-se-á uma discussão trilateral, com a participação de Trump e dos dois Presidente envolvidos na Guerra da Ucrânia.

"Discutimos garantias de segurança para a Ucrânia, que garantias seriam dadas pelos vários países europeus, com a coordenação dos EUA. Todos estão muito contentes com a possibilidade de PAZ para a Rússia/Ucrânia", pode ler-se

No post, Trump diz que se trata de um "primeiro passo" para terminar com a guerra e que o vice-presidente JD Vance, o secretário de Estado Marco Rubio e o enviado especial Steve Witkoff irão coordenar o assunto entre os dois países.

O Kremlin confirmou que Trump ligou para Putin nesta segunda-feira, avançou a Reuters. Os chefes de Estado conversaram sobre a possibilidade de elevar o nível dos representantes russos e ucranianos nas conversas pelo fim da guerra na Ucrânia.

Japão com participação limitada

O Japão, fez saber, pelo voz do seu primeiro-ministro, Shigeru Ishiba, que irá considerar qual o papel que irá desempenhar na prestação de garantias de segurança à Ucrânia dentro das limitações legais impostas pela Constituição do país. "Desempenhamos o nosso papel de forma adequada, tendo em conta o que podemos e devemos fazer dentro do nosso quadro legal e das nossas capacidades", afirmou Ishiba em declarações à imprensa.

"Neste momento, não podemos dizer especificamente o que vamos fazer", acrescentou. A atual Constituição japonesa, que entrou em vigor em 1947 durante o período de ocupação norte-americana após a Segunda Guerra Mundial, só permite o uso da força em defesa própria, o que limita as ações do país no exterior.