
A Força Aérea tem 10 aeronaves que podiam ser usadas para combater incêndios rurais, mas não os utiliza para este fim porque o Estado não comprou os "kits" que permitem adaptar os aparelhos para esta missão.
Segundo escreve esta quarta-feira o jornal Público, para serem usados no combate aos incêndios, estes três aviões pesados e sete helicópteros ligeiros da Força Aérea Portuguesa (FAP) teriam de ser adaptados com um "sistema modular aerotransportável de combate a incêndios", que integra um tanque com capacidade para transportar 12 mil litros.
O "kit" foi usado pela primeira vez pela Força Aérea Brasileira (FAB) em julho de 2024 e, segundo aquela entidade, tem "sido uma ferramenta eficaz no combate a incêndios florestais, como no Pantanal e no interior do estado de São Paulo", refere o jornal.
Numa nota publicada no seu site, a FAB diz que o KC-390 está indicado para o "combate a incêndios florestais de grande escala".
Os seis KC-390 que Portugal comprou à brasileira Embraer - que pretendem substituir os Lockheed C-130 que operam há mais de 45 anos na FAP - não têm como missão primordial o combate a incêndios, mas podem ser usados nessas missões.
Em agosto de 2019, quando foi assinado o contrato de compra dos aviões à Embraer, o ministro socialista João Gomes Cravinho disse que o KC390 teria um "duplo uso - civil e militar, incluindo combate aos incêndios", mas não explicou que o contrato não previa a compra do "kit" que possibilita essa missão, escreve o diário.
O KC-390 só se abastece de água num aeródromo - ao contrário dos anfíbios que conseguem reabastecer-se rapidamente num rio ou num lago - e precisa de cerca de 40 minutos para voltar a descolar, o que condiciona o ritmo das descargas.
Contudo, explica o Público, consegue transportar 12 mil litros de água e não precisa de a largar de uma só vez, podendo uma única carga ser utilizada em vários incêndios.