O primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, voltou esta segunda-feira a defender "um pacto de Estado face à emergência climática" após os incêndios deste verão e revelou que vai propor um trabalho conjunto para esse objetivo a Portugal e França.

"O Governo de Espanha não se vai deter apenas nas nossas fronteiras para desenhar este pacto de Estado face à emergência climática. Os incêndios que sofremos este ano também os sofreu Portugal e, portanto, vamos propor ao Governo português e ao Governo francês que possamos trabalhar conjuntamente nesse pacto de Estado face à emergência climática", afirmou Sánchez.

O primeiro-ministro espanhol disse ainda que vai transmitir à Comissão Europeia, "que é o Governo da Europa", que é preciso "fazer de tudo menos marcha-atrás na transição ecológica", condenando discursos negacionistas das alterações climáticas.

"As alterações climáticas matam"

Sánchez, que falava em Madrid num evento do Governo para apresentar o pacto de Estado que defende, considerou que o impacto das alterações climáticas foi um dos fatores para a dimensão e a violência dos fogos deste verão, os maiores de que há registo em Espanha.

"As alterações climáticas matam", afirmou.

Mas o primeiro-ministro apontou também outras razões para os fogos, como uma gestão do território "não dequada", com zonas florestais "carregadas de biomassa", caminhos sem corta-fogos ou falta de espécies de árvores autóctones, ou resistentes às chamas.

Sánchez referiu ainda "uma política de prevenção claramente insuficiente" e deu como exemplo falta de planos com esse objetivo ou corpos de bombeiros e de sapadores florestais também insuficientes, referindo, nos dois casos, competências que cabem aos governos regionais.

Os fogos mataram quatro pessoas e queimaram cerca de 400 mil hectares em Espanha em 2025, um recorde anual no país, de acordo com os dados, ainda provisórios, do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS), que tem registos comparáveis desde 2006.

O Governo espanhol declarou na semana passada zonas de catástrofe as áreas afetadas por 113 grandes incêndios no país nos últimos dois meses.

Os incêndios coincidiram com uma onda de calor que atingiu Espanha entre 02 e 18 de agosto e que foi a "mais intensa" e a terceira mais longa pelo menos desde 1975, desde que há registos comparáveis, segundo a agência nacional de meteorologia (Aemet).