O furacão Erin, que se formou no Atlântico e se desloca atualmente a norte das Caraíbas, teve uma das evoluções mais rápidas da história. Na manhã de sexta-feira, a tempestade era apenas um furacão de categoria 1, com ventos de 120 km/h. Pouco mais de 24 horas depois, já atingia a categoria 5, a mais alta da escala de Saffir-Simpson, com ventos próximos dos 260 km/h, detalha a CNN Brasil. Este salto coloca o Erin entre os ciclones mais rapidamente fortalecidos alguma vez registados no Atlântico.

Atualmente classificado como categoria 3, escreve a BBC, com ventos na ordem dos 200 km/h, o Erin poderá voltar a intensificar-se nos próximos dias, regressando à categoria 4 ou 5. Segundo o Centro Nacional de Furacões dos EUA (NHC), o campo de ventos está a aumentar de tamanho, com rajadas de força de tempestade tropical a estenderem-se já por mais de 330 km a partir do centro.

Apesar do enfraquecimento recente, o NHC alerta que os efeitos da tempestade continuam a ser significativos. Cheias repentinas e deslizamentos de terra são esperados em Porto Rico e nas Ilhas Virgens, ao mesmo tempo que intensas chuvas devem atingir as ilhas Turcas e Caicos. Avisos de tempestade tropical estão ativos na região e a Guarda Costeira norte-americana impôs restrições à navegação em portos das Ilhas Virgens Americanas e em seis municípios de Porto Rico, incluindo San Juan.

O diretor do NHC, Mike Brennan, sublinhou que o Erin “se aprofundou e intensificou de forma explosiva” desde sexta-feira, numa evolução descrita como rara e perigosa. A trajetória atual indica que o ciclone não deverá atingir diretamente o território continental dos EUA, mas sim deslocar-se para norte e depois para nordeste, afastando-se gradualmente da costa americana. Ainda assim, ondas e correntes marítimas “com risco de morte” deverão atingir quase toda a costa leste, incluindo a Florida, estados do Meio-Atlântico, Bermudas, Bahamas e até o Canadá.

Meteorologistas recordam que a intensificação rápida – quando os ventos de um furacão aumentam pelo menos 56 km/h num período de 24 horas – costuma ocorrer sobretudo em setembro e outubro. No entanto, o Erin antecipou-se ao calendário habitual, registando este fenómeno já em meados de agosto. Além de raro, é também preocupante: trata-se do 11.º furacão a subir à categoria 5 no Atlântico desde 2016, um número considerado excecionalmente elevado. No total, apenas 43 ciclones atingiram essa intensidade desde que há registos.

Esta é já a quarta temporada consecutiva com registo de furacões de categoria 5. Em 2024, dois sistemas – Beryl e Milton – atingiram essa intensidade.

Os especialistas atribuem a tendência ao aquecimento dos oceanos e da atmosfera, impulsionado pela poluição com combustíveis fósseis e pelo aquecimento global. As águas mais quentes fornecem combustível adicional às tempestades, aumentando não só a probabilidade de formação de furacões como também a sua capacidade de crescerem de forma explosiva.

No sábado à noite, o Erin encontrava-se a cerca de 240 quilómetros de San Juan, em Porto Rico, e a 250 quilómetros de Anguila, mantendo ventos de 200 km/h. O NHC reforça que, mesmo sem impacto direto em terra firme, o Erin continuará a representar perigo.

A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA) já tinha previsto uma temporada atlântica “acima da média” em 2025. Erin, o primeiro grande furacão da época, confirma essas preocupações. Antes dele, outras quatro tempestades – Andrea, Barry, Chantal e Dexter – cruzaram a bacia atlântica, mas nenhuma ultrapassou a categoria de tempestade tropical.

Com a intensidade crescente dos fenómenos meteorológicos extremos, o Erin torna-se um caso emblemático de como o clima em mudança está a alterar o comportamento dos furacões, tornando-os mais fortes, mais rápidos e mais perigosos.