Centenas de pessoas reuniram-se hoje para prestar homenagem a Idan Shtivi, o refém luso-israelita em posse do grupo islamita palestiniano Hamas há quase dois anos, cujo corpo foi recuperado na sexta-feira numa operação militar na Faixa de Gaza.

O cortejo fúnebre, que incluía adultos e crianças transportando bandeiras israelitas e bandeiras amarelas - o símbolo dos reféns -, partiu de Rishon Lezion, no centro do país, e acompanhou o caixão na sua viagem, enquanto muitos enlutados pediam desculpa ao falecido, descreveu a agência noticiosa espanhola EFE.

Segundo indicou fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Portugal fez-se representar no funeral pela embaixadora em Telavive, Helena Paiva.

"É doloroso. Estou muito triste por ele estar de volta, mas não vivo", comentou à EFE Shlomi Ben-Yakar, 55 anos, que participou no cortejo, descrevendo Idan Shtivi como "um herói, como todos" os reféns que foram levados pelo Hamas.

O corpo foi transportado para Kfar Ma'as, a norte de Telavive, onde centenas de pessoas assistiram à cerimónia fúnebre.

"Estamos aqui, e o sol faz-nos sentir como se fosse um dia qualquer. Mas, para eles [reféns], cada minuto é como um massacre", acrescentou Shlomi Ben-Yakar.

A mãe de Shviti, Dalit, disse, entre lágrimas, que o filho "foi tirado do mundo no seu auge", sentindo-se abençoada por 28 anos de "amor e crescimento", ao mesmo tempo que lamentou não ter conseguido protegê-lo.

"Ensinaste-nos que o que realmente permanece é o abraço, o sorriso, a luz que nos deste. Ensinaste-nos que, mesmo quando há dor e escuridão, o amor triunfa", afirmou a irmã, Ilin.

O Exército israelita anunciou a morte de Idan Shtivi dois meses após o ataque do Hamas, em 07 de outubro de 2023, que matou cerca de 1.200 pessoas em Israel.

O jovem foi morto no festival de música eletrónica Supernova, onde mais de 360 pessoas foram massacradas naquele dia, que desencadeou a atual guerra na Faixa de Gaza, e o seu corpo foi levado para o enclave palestiniano.

Os restos mortais de Shtivi foram encontrados ao lado dos de outro refém, Ilan Weiss, de 56 anos, morto durante o massacre no 'kibutz' Be'eri.

Em dezembro de 2023, os familiares de quatro reféns luso-israelitas, entre os quais a mãe de Idan Shviti, deslocaram-se a Lisboa para pedir a intervenção do Governo português no sentido de procurar a sua libertação.

"É obrigação de Israel e de Portugal libertá-lo porque ele é cidadão português", afirmou Dalit aos jornalistas naquela ocasião.

Já em maio passado, foi a vez do pai de Idan Shtivi vir a Portugal.

"Estou aqui porque quero dizer às pessoas de Portugal que têm um cidadão preso em Gaza", afirmou na ocasião Eli Shtivi.

Restam 48 reféns na Faixa de Gaza, dos quais se calcula que 20 ainda estejam vivos.

A última vez que Israel recuperou restos mortais de reféns aconteceu em 21 de junho, quando localizou os corpos de Jonathan Samrano, do sargento Shai Levinson e de Ofra Kedar, todos mortos no dia 07 de outubro de 2023 e levados para a Faixa de Gaza.

Em resposta aos ataques do Hamas, Israel lançou uma vasta operação militar na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 63 mil mortos, na maioria civis, segundo as autoridades locais controladas pelo grupo islamita, a destruição de quase todas as infraestruturas e um desastre humanitário sem precedentes no território.