A ERC autorizou atividade dos canais Conta Lá Sul, Conta Lá Centro e Conta Lá Norte e ainda do Conta Lá Rural, do projeto liderado por Sérgio Figueiredo, o qual prevê a criação 205 postos de trabalho.

De acordo com as deliberações, o Conselho Regulador da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) delibera "autorizar a atividade de televisão através do serviço de programas generalizada, de vocação regional, de cobertura", denominado Conta Lá Centro, Conta Lá Norte e Conta Lá Sul, "nos termos requeridos pelo Conta Lá - Conteúdos Audiovisuais".

O regulador autorizou ainda a "atividade de televisão através do serviço de programas temático, de cobertura nacional e de acesso não condicionado com assinatura, denominado Conta Lá Rural".

Segundo o documento, "à data de implementação o 'projeto prevê a criação de 205 postos de trabalho, sendo 133 afetos à área de informação, 28 na área de programas e produtora e os restantes 44 em áreas de apoio técnico, gestão, RH, financeiro, comercial e jurídico, distribuídos de forma estratégica por áreas profissionais e localizações geográficas [de norte a sul do país, incluindo ilhas, com vários polos regionais], assegurando, assim, uma cobertura operacional eficiente e descentralizada'", lê-se no documento.

O projeto Conta Lá, que tem Sérgio Figueiredo como presidente executivo (CEO), visa a criação de três canais televisivos generalistas regionais, de cobertura nacional com a designação Conta Lá Norte, Conta Lá Centro e Conta Lá Sul, "em que pela primeira vez na história da comunicação social, na mesma posição disponibilizada por cada operador de cabo, é possível desdobrá-lo em emissões simultâneas com conteúdos personalizados para as regiões Norte, Centro e Sul", lê-se nas deliberações datadas de 27 de agosto, depois dos pedidos terem sido feitos em 02 de julho.

O projeto "pretende conciliar 'a proximidade às comunidades locais (quando as emissões se regionalizam) com a escala que viabiliza este projeto e que só uma audiência nacional (quando as emissões assumem o simultâneo) pode proporcionar. [...] as regiões e os seus atores serão o foco dos grandes formatos informativos, de eventos em direto e documentários originais, produzidos e difundidos em língua portuguesa'".

Os canais Conta Lá Sul, Conta Lá Centro e Conta Lá Norte terão uma emissão de 24 horas por dia.

O projeto Conta Lá contará com instalações no Porto, Covilhã e Lisboa e a direção de programas será assegurada por Diogo Alexandre e a de Informação por António Rosa.

A direção de informação, "enquanto área em que estará afeta a maioria dos recursos humanos, prevê que '[c]ada centro produtor regional [tenha] estrutura própria para alimentar antena quando a emissão está regionalizada. Existe uma estrutura central para a produção de conteúdos a emitir em simultâneo nos três canais regionais'".

Já o canal Rural, "tem uma equipa própria reduzida porque beneficia essencialmente das sinergias com a redação e a produtora própria (que está integrada e depende da direção de programas)'", pelo que "'desta forma, prevê-se a alocação de 31 profissionais na subdireção do Norte (Porto); 30 na subdireção do Centro e 32 no subdireção do Sul'", lê-se no documento.

Cumulativamente, a estrutura central do projeto contará com 40 profissionais e futuramente com recursos humanos em polos regionais noutras capitais de distrito e regiões autónomas da Madeira e Açores, segundo o projeto.

O canal Rural terá como foco a agricultura, floresta e pescas, "'visando sobretudo atingir quatro objetivos: prestigiar as atividades de produção; aproximar as cidades do campo; trazer novas gerações à realidade do mundo rural e promover conhecimento e debate público informado sobre este setor tão relevante para a economia nacional'" e terá também uma emissão de 24 horas.

A estratégia do projeto "inclui a criação e distribuição de quatro novos serviços de programas de televisão - entre eles o Conta Lá Norte, Conta Lá Centro, Conta Lá Sul e Conta Lá Rural - complementados por plataformas OTT ('over the top' ou acesso direto a conteúdos multimédia através da Internet) para alcançar audiências digitais".

A operação assenta numa plataforma única de gestão de conteúdos, permitindo publicar em múltiplos canais de forma eficiente e personalizada, com integração de serviços de inteligência artificial (IA) para acelerar a produção e otimizar a distribuição.

No que respeita à área financeira, "o projeto aposta num modelo escalável e diversificado de geração de receitas, reduzindo a dependência das audiências televisivas tradicionais. Estima-se que as receitas provenham principalmente de publicidade (27%), 'stakeholders' locais (30%), distribuição de conteúdo (24%), subscrições (10%) e eventos ao vivo (8%)".

Segundo o projeto, referido nas deliberações da ERC, "com um equilíbrio entre diferentes fontes de receita, o risco de investimento é mitigado, e o plano prevê atingir EBITDA [resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações] positivo a partir de 2027".

É referido ainda que "a escalabilidade técnica permite crescer sem aumentos proporcionais de custos operacionais, enquanto novos modelos de monetização digital e expansão internacional sustentam a visão de longo prazo".