
A Autoridade Nacional Palestiniana (ANP) descreveu esta sexta-feira a decisão israelita de ocupar a cidade de Gaza como "um crime absoluto" e advertiu para a deslocação forçada de 800.000 palestinianos expulsos de outras áreas do enclave.
O plano "representa a continuação da política de genocídio, de assassínios sistemáticos, de fome e de cerco, e uma violação flagrante do direito humanitário e das resoluções de legitimidade internacional", denunciou o Governo palestiniano da Cisjordânia.
A ANP anunciou que iniciou "contactos urgentes com os organismos internacionais competentes" sobre a questão, incluindo o Conselho de Segurança da ONU, a Organização de Cooperação Islâmica e o Conselho da Liga dos Estados Árabes.
Os contactos visam "solicitar medidas urgentes e vinculativas para pôr termo a estes crimes", referiu no comunicado, citado pela agência de notícias espanhola Europa Press.
O gabinete de segurança de Israel aprovou esta sexta-feira de madrugada uma proposta do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, para a ocupação militar da cidade de Gaza, no norte do enclave.
A ANP, chefiada por Mahmud Abbas, disse ainda ser a única força política capaz de manter o controlo da Faixa de Gaza, caso Israel consiga que o Hamas abandone o poder.
"A única maneira de pôr fim a esta tragédia e garantir a segurança e a estabilidade é permitir que a ANP, enquanto autoridade do Estado palestiniano, assuma plenamente as responsabilidades de governação e de segurança na Faixa de Gaza", acrescentou.
O Hamas controla a Faixa de Gaza desde 2007, depois de ter expulsado do território a Fatah, o partido de Abbas, na sequência das últimas eleições para o Conselho Nacional Palestiniano, em 2006, que venceu no enclave.
Desde então, a ANP governa a Cisjordânia, parcialmente ocupada por Israel desde 1967, e o Hamas a Faixa de Gaza.
Israel, Estados Unidos e União Europeia consideram o Hamas, apoiado pelo Irão, como uma organização terrorista.
A ofensiva israelita em curso em Gaza seguiu-se ao ataque sem precedentes do Hamas no sul de Israel em 7 de outubro de 2023.
O ataque do Hamas causou cerca de 1.200 mortos e mais de 200 reféns, com a resposta militar israelita a provocar mais de 61 mil mortos em Gaza, segundo balanços das duas partes.
A ofensiva israelita causou também uma grave crise humanitária em Gaza, com denúncias de mortes de crianças à fome, e a destruição de grande parte das infraestruturas do território palestiniano.