O ministro Fernando Alexandre anunciou, esta quinta-feira, uma reforma no Ministério da Educação, Ciência e Inovação, com a extinção de várias entidades, incluindo a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), que será integradas em novas agências. Mas há quem considere esta decisão "um erro".

Aprovada em Conselho de Ministros, a reforma foi justificada pelo ministro como necessária face ao ministério que lidera que descreve como uma "estrutura anacrónica", com organizações fragmentadas, sistemas de informação desintegrados e uma governação desarticulada.

As reações à reestruração já começaram a surgir. Em comunicado, a Associação Académica da Universidade de Lisboa (AAUL) "manifesta publicamente a sua profunda preocupação com a decisão do Governo" de extinguir a FCT e outros organismos do setor da Educação.

A AAUL afirma que "esta medida, tomada sem auscultação pública, representa uma reconfiguração profunda e precipitada da arquitetura institucional do sistema científico e educativo português", sendo que, no caso concreto da FCT, "levanta preocupações sérias quanto à continuidade e estabilidade de projetos científicos em curso, à previsibilidade das bolsas atribuídas a estudantes e investigadores, e à credibilidade do sistema científico nacional".

"A FCT tem sido um pilar na consolidação de carreiras académicas e no fomento da investigação de ponta, desempenhando um papel insubstituível no ecossistema científico português", sublinha a associação em comunicado.

Além disso, defende que a extinção da DGES "levanta questões particularmente graves para os estudantes", colocando em causa "a confiança dos estudantes no sistema de ensino superior".

A associação acusa ainda o executivo de deixar por explicar como "serão asseguradas as competências técnicas altamente especializadas que a DGES reúne, e como se garantirá a articulação institucional com as universidades e politécnicos".

Associação de Bolseiros de Investigação Científica considera medida enganadora e desonesta

" Não existia nenhuma referência no programa de Governo nem no programa eleitoral da AD e, portanto, esta reestruturação que agora nos vem sendo apresentada como como uma medida para maior eficiência, consideramos que é uma narrativa enganadora", afirma Sofia Lisboa, presidente da Associação de Bolseiros, em declarações à SIC Notícias.

A presidente da associação garante ainda que dizer que esta é uma "medida de otimização é desonesto" e que o necessário "era de ter um sinal noutro sentido, no sentido de mais financiamento".

António Carlos Cortez, professor e poeta, também considera extinção da FCT "um erro" num país "onde não se lê", que é "todo centrado na digitalização de tudo, mas sem livros, sem memória, sem investigação".