
O político moçambicano Venâncio Mondlane disse ontem que a morte de José Pedro Alves da Silva, português baleado na sexta-feira em Maputo, é resultado de uma alegada "ligeireza cúmplice" de "determinadas autoridades", classificando-o como uma mancha para o Governo.
"O macabro e repugnante assassinato, soma-se a outros mais, e decorre da ligeireza cúmplice de determinadas autoridades policiais e de Segurança de Estado, que na omissão fazem agigantar a abjeta indústria do crime organizado", lê-se num comunicado de Mondlane divulgado na rede social Facebook.
José Pedro Alves da Silva morreu após ser baleado no peito dentro da sua viatura por desconhecidos, que seguiam num outro carro, por volta das 13:00 locais (menos uma hora em Lisboa) na cidade da Matola, arredores da capital moçambicana.
A polícia moçambicana disse à Lusa, na sexta-feira, que o português foi vítima de uma tentativa de roubo, avançando que a vítima trazia consigo elevadas somas de dinheiro.
"Tudo indica que houve uma tentativa frustrada de roubo, que acabou culminando com este óbito (...). Nós descartamos a possibilidade de se tratar de uma tentativa de rapto, pelo 'modus operandi'", declarou à Lusa Cláudio Armando, porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) na província de Maputo.
Venâncio Mondlane, ex-candidato presidencial que liderou nos últimos meses a pior contestação aos resultados que Moçambique conheceu desde as primeiras eleições multipartidárias (1994), defende um esclarecimento célere do baleamento mortal de José Pedro Alves da Silva e a responsabilização dos autores do crime.
"As autoridades devem tudo fazer para o cabal esclarecimento do caso e tomar as medidas cabíveis, para serem responsabilizados os barões dos crimes organizados, que parecem ter tentáculos em alguns órgãos castrenses", refere Mondlane, endereçando condolências à família da vítima e ao Governo português.
Os primeiros dados da investigação indicam que José Pedro Alves da Silva foi atingido por uma bala disparada por uma pistola, mas as autoridades admitem não dispor de "muitos detalhes sobre os autores do disparo".
"Já encetamos as nossas linhas operativas para identificar e neutralizar os indivíduos envolvidos neste crime bárbaro", disse à Lusa o porta-voz da polícia moçambicana.
A vítima morreu quando estava a ser transportada para o Hospital José Macamo, na capital moçambicana, Maputo.
O português era administrador da "SOTUBOS", uma conhecida empresa de venda de tubos e material de construção, propriedade do pai, que está em Portugal.
José Pedro Alves da Silva era filho do antigo presidente do Sporting de Braga Alberto Silva, que em 2019 foi nomeado embaixador do clube para a África Austral.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, deu as condolências aos familiares de José Pedro Alves da Silva.