Algemar-se a portões, espirrar tinta para cima de figuras públicas ou bloquear o trânsito na Segunda Circular serão ideias que dificilmente terão passado pela sua cabeça. João quer mudar o mundo, mas entende que isso se faz através de ações concretas, construtivas e da mudança racional de mentalidades. Em lugar de se dedicar a atacar os outros, cedo entendeu que a mudança só acontece se todos estiverem a bordo e tiverem condições para a ela se dedicarem. E se um planeta mais sustentável é o objetivo, ele nunca será atingível sem uma economia próspera e uma sociedade justa e saudável, que não esquece nem subestima alguns dos seus.

Aos 22 anos, João Maria Botelho acaba de ser distinguido como um dos jovens a manter debaixo de olho pelo seu trabalho na área da Sustentabilidade e Inovação Social. Anunciado agora na lista da Forbes Under 30 como um dos "distinguished under 30 achievers", o jovem jurista (formado em Direito pela Nova School of Law) conta já com uma especialização em ESG pela Wharton Business School, outra em Blue Economy & Desafios de Shipping e uma terceira em Regulação das Alterações Climáticas (ambas pela Universidade Católica de Lisboa), dedicando-se a criar novas vias comunicantes para a mensagem da sua geração: a necessidade de criar um mundo mais sustentável, olhando aos três pilares da sustentabilidade (ambiental, económico e social). E ainda está só a começar.

Ainda assim, com apenas 22 anos e acabado de cumprir a licenciatura, João Maria Botelho conta já com um rol de distinções pelos seus empreendimentos que faz muitos seniores corar. Em 2022, foi reconhecido pelo Presidente da Assembleia da República pelas suas contribuições ao Direito Constitucional e aos Direitos Fundamentais, no âmbito de uma investigação parlamentar intitulada “Checks and Balances”. Nesse mesmo ano, participou num projeto destacado pelo Financial Times pelo seu impacto social e conquistou uma bolsa para uma formação especial em ESG pela Wharton Business School, além de desempenhar funções na área de Policy & Strategy na Global Alliance for a Sustainable Planet (NY), sob a coordenação de Sathya Tripathi, ex-adjunto do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres. "Foi nessas funções que tive a minha primeira conexão profunda com a sustentabilidade, participando na task force da organização na COP desse ano, na NY Climate Week e em diversos outros fóruns internacionais, onde me foquei nos assuntos globais verdes", conta agora, em entrevista ao SAPO.

A culminar com a lista da Forbes Under 30, estes têm sido, de facto, anos bastante preenchidos para João Maria Botelho, que passou ainda pela área jurídica e regulatória da Alliance for Affordable Energy, onde teve a oportunidade de acompanhar o boom legislativo do Anti-Inflation Act do governo Biden, ponto de viragem crucial na agenda de sustentabilidade americana e que diz ter sido "uma experiência enriquecedora, que proporcionou uma visão abrangente sobre as políticas de sustentabilidade e a sua implementação prática". Já no ano passado, com uma bolsa integral do Instituto do professor John Fullerton, o jovem talento seguiu estudos de Economia Regenerativa, cujos conhecimentos juntou ao curso de Direito e às cadeiras de mestrado (Direito do Ambiente e da Energia) que acumulou com a licenciatura.

"Este ano foi repleto de realizações, incluindo a conclusão da minha especialização em Direito Marítimo e Shipping pela Universidade Católica e outra especialização em Direito das Alterações Climáticas também pela Católica. Cada uma destas etapas reforça o meu compromisso com a promoção de práticas sustentáveis e a minha dedicação à inovação social e ambiental", relata ao SAPO o jovem que foi o único português nomeado como Young Global Leader pela Federação Mundial das Associações das Nações Unidas, um reconhecimento que sublinha a relevância do seu compromisso com a sustentabilidade global. "Este percurso tem-me permitido aplicar todas as minhas experiências em contextos reais, culminando com a distinção na lista Forbes Under 30, que representa o ponto cimeiro de vários anos de dedicação e projetos e que foi uma experiência profundamente gratificante e transformadora", assume.

"Quando recebi a notícia, fiquei tomado por uma mistura de surpresa e gratidão", conta, em entrevista. "Surpresa porque, embora tenha sempre trabalhado com paixão e convicção, nunca esperei este tipo de reconhecimento em tão pouco tempo, especialmente apenas com 22 anos. Gratidão porque este prémio não é apenas um reflexo dos meus esforços, mas também das colaborações e do suporte de uma rede incrível de pessoas e organizações que têm caminhado comigo, amigos, família, mentores e pessoas que me inspiram all the way up. Este reconhecimento da Forbes é uma prova de que, independentemente dos desafios, é possível criar um impacto e oferece-me uma plataforma ampliada para compartilhar minha visão e trabalhar ainda mais intensamente para promover a sustentabilidade e a inovação social."

A sustentabilidade e a inovação social estão no coração das transformações necessárias para enfrentar problemas como a crise climática, a desigualdade social e a degradação ambiental

Já tendo recebido neste ano o Prémio Nacional de Literacia Financeira pela Fundação Santander e pelo Parlamento Europeu, que o levou a Bruxelas para um encontro com mais de 700 jovens de toda a União Europeia, João Maria Botelho reconhece porém que a distinção da Forbes é mais do que um título: "É uma validação do impacto positivo que venho procurado criar em todas as minhas iniciativas, reforçando meu compromisso com a sustentabilidade e a inovação social", vinca, apontando que o efeito extravasa a sua pessoa, antes trazendo nova visibilidade a "questões globais de extrema importância" e mobilizando mais pessoas e recursos "para iniciativas que visam a transformação social e ambiental". "Este reconhecimento abre portas para novas parcerias, colaborações e oportunidades de advocacy que podem acelerar a implementação de soluções sustentáveis em diversas frentes. É um estímulo para continuar a explorar novos horizontes e a desafiar os limites do que é possível, sempre com a visão de um futuro mais justo, inclusivo e sustentável", admite ainda ao SAPO.

João Maria Botelho
João Maria Botelho

O João acaba de ser reconhecido com um dos 30 jovens da lista Forbes que se destacam em Portugal. O facto de ser destacado na área de Sustentabilidade e Inovação Social tem mais peso para si?
Ser destacado especificamente na área de Sustentabilidade e Inovação Social tem um peso imenso e carrega um significado profundo. Numa época em que o mundo enfrenta desafios ambientais, sociais e económicos sem precedentes, ser reconhecido nesta categoria é um testemunho do impacto que essas áreas têm na formação do nosso futuro coletivo e que tenho uma voz capaz de fazer algumas alterações. A sustentabilidade e a inovação social estão no coração das transformações necessárias para enfrentar problemas como a crise climática, a desigualdade social e a degradação ambiental. Esta distinção reforça a importância de continuar a desenvolver e implementar soluções inovadoras que não apenas mitigam os danos, mas que também promovem uma regeneração positiva dos nossos sistemas naturais e sociais.

Sente-se agora mais responsável pela mudança?
O reconhecimento da Forbes traz uma responsabilidade maior, sim, porque destaca a urgência e a relevância do trabalho que tenho realizado. É um lembrete constante de que o caminho para a sustentabilidade exige inovação contínua, colaboração global e um compromisso inabalável com os princípios de justiça e equidade. Cada projeto que lidero e cada iniciativa em que me envolvo são impulsionados pela visão de criar um impacto duradouro que beneficie tanto as pessoas quanto o planeta. Tento pautar-me sempre pelo trabalho em rede, em network, pois quando andamos sozinhos não iremos muito longe… Este destaque também amplifica a minha voz e as vozes das causas que represento. Com maior visibilidade, posso alcançar um público mais amplo, sensibilizando e mobilizando indivíduos, comunidades e organizações em torno de ações sustentáveis. Este reconhecimento proporciona uma plataforma poderosa para defender políticas públicas, influenciar decisões corporativas e inspirar outros a juntarem-se a esta jornada transformadora.

Porque a sustentabilidade não pode cumprir-se se não for olhada em todas as vertentes: ambiental, económica e social?
A sustentabilidade e a inovação social andam intrinsecamente interligadas. Estas requerem uma abordagem holística que considera os aspetos ambientais, económicos e sociais de cada decisão e ação. Ser reconhecido nesta área pela Forbes destaca a importância de integrar esses princípios em todos os níveis – desde a formulação de políticas até as práticas empresariais e os comportamentos individuais. Para mim, este prémio não é apenas uma honra, mas uma chamada à ação. É um incentivo para redobrar os esforços, explorar novas fronteiras da inovação e encontrar formas ainda mais eficazes de promover a sustentabilidade. É uma reafirmação do meu compromisso de trabalhar incansavelmente para criar um mundo onde a prosperidade económica e a justiça social andem de mãos dadas com a saúde ambiental.

Aos 22 anos, subir a um palco repleto de CEO e diretores pode ser desafiador, pois há sempre a necessidade de justificar a presença de um jovem e de explicar porque é que eles me devem prestar atenção. No entanto, este reconhecimento funciona como um “selo de qualidade”

De que forma pode esta distinção ajudar na divulgação das suas causas?
A distinção da Forbes é uma poderosa alavanca para a divulgação das causas que abraço, ampliando significativamente o alcance e a influência das minhas iniciativas. Este reconhecimento global proporciona uma visibilidade que pode transformar a perceção pública e mobilizar um suporte substancial para projetos que visam a sustentabilidade e a inovação social. Em primeiro lugar, abre portas para novas parcerias e colaborações. Com a visibilidade conferida pela Forbes, tenho a oportunidade de conectar-me com líderes empresariais, formuladores de políticas e organizações não governamentais que partilham a mesma visão de um futuro sustentável. Estas conexões são cruciais para a implementação de soluções inovadoras que possam ser escaladas globalmente.
Além disso, o reconhecimento pela Forbes aumenta significativamente a credibilidade das minhas iniciativas. Quando uma entidade tão respeitada destaca o meu trabalho, valida a eficácia e a importância dos projetos em que estou envolvido. Aos 22 anos, subir a um palco repleto de CEO e diretores pode ser desafiador, pois há sempre a necessidade de justificar a presença de um jovem e de explicar porque é que eles me devem prestar atenção. No entanto, este reconhecimento funciona como um “selo de qualidade”, que ajuda a quebrar barreiras geracionais e a abrir portas que de outra forma poderiam eventualmente permanecer fechadas.

No fundo, esta distinção é uma prova de confiança e um empurrão para novos voos.
Ter a chancela da Forbes significa que as minhas ideias e projetos não são apenas viáveis, mas também necessários e urgentes no contexto atual. Isso facilita a construção de alianças estratégicas e a obtenção dos recursos necessários para transformar visões em realidade. Serve também como uma plataforma de comunicação poderosa. Com maior visibilidade nos meios de comunicação e nas redes sociais, posso disseminar informações cruciais sobre sustentabilidade e inovação social para um público mais amplo. Esta amplificação permite educar e sensibilizar mais pessoas sobre os desafios ambientais e sociais que enfrentamos e as soluções possíveis para esses problemas. Além de mobilizar recursos e pessoas, isto inspira e motiva outros a envolverem-se na causa. Ver alguém ser reconhecido pelo seu trabalho em sustentabilidade e inovação social pode encorajar jovens líderes, empreendedores e ativistas a seguirem caminhos similares e a saírem de “bolhas”. É um efeito multiplicador onde o reconhecimento de um pode inspirar ações coletivas que levam a um impacto muito maior. A divulgação das causas através desta plataforma também permite uma maior influência nas políticas públicas. Com a visibilidade e o reconhecimento, posso participar mais ativamente em discussões e fóruns onde são decididas políticas ambientais e sociais. Esta influência é crucial para garantir que as políticas sejam moldadas de maneira a promover a sustentabilidade e a inovação de forma eficaz.

Cada iniciativa foi concebida para preencher lacunas críticas e catalisar ações concretas que transformem a maneira como enfrentamos os desafios globais

A atividade do João não se limita a um círculo, tem-se expandido, nomeadamente com a criação da Generation Resonance e das Tomorrow Talks. Que objetivos pretende atingir com este grupo de que é fundador?
A criação da Generation Resonance e do projeto podcast series “Tomorrow Talks” nasceu de uma visão ambiciosa e apaixonada na COP28 no Dubai, uma ideia de capacitar jovens líderes globais para serem agentes de mudança efetiva em prol da sustentabilidade e da inovação social. Cada iniciativa foi concebida para preencher lacunas críticas e catalisar ações concretas que transformem a maneira como enfrentamos os desafios globais.

De que forma?
A Generation Resonance é mais do que um grupo; é um movimento internacional de jovens. Foi fundada sob a égide da United Nations Association Portugal e procura reunir jovens de diversas origens e disciplinas para trabalharem juntos em soluções práticas e inovadoras para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). O nosso objetivo é capacitar esses jovens com as ferramentas, conhecimentos e redes necessários para se tornarem "actionists" (conceito da strategic thinker Vanessa Arelle) – líderes que não apenas defendem mas implementam mudanças, através de cursos, workshops, palestras, campanhas, eventos e projetos de advocacy. Desde a sua criação, a Generation Resonance tem-se expandido para vários países, incluindo Angola, Moçambique, Índia, Escócia, Dinamarca e Estados Unidos. Esta expansão reflete a necessidade e a vontade global de jovens que desejam sair das suas bolhas e fazer uma diferença tangível. O nosso trabalho na COP 28 em Dubai, onde apresentámos uma carta inovadora sobre os ODS, é um exemplo claro do impacto que podemos ter. Estamos agora a preparar soluções para a COP 29 em Baku, continuando a nossa missão de inspirar e mobilizar para a ação.

E como entram nisso as Tomorrow Talks?
É uma plataforma projetada para ser um catalisador de mudança através do diálogo e da inspiração. Este podcast oferece uma arena para conversas cativantes e entrevistas perspicazes com líderes de renome. O objetivo das Tomorrow Talks é desafiar o status quo, estimular os ouvintes a explorar novas ideias e a agir, deixar ecoar as ideias discutidas… As discussões abrangem uma vasta gama de temas, desde inovação social até à global governance, sempre com o intuito de inspirar e capacitar a audiência.

Mas os objetivos fundamentais das duas iniciativas são comuns.
Sim, e assentam em quatro pilares: Capacitação e Educação, que consiste em proporcionar aos jovens líderes os conhecimentos e skills necessárias para liderar mudanças significativas nas suas comunidades e além; Conexão e Colaboração, que se materializa em facilitar a criação de redes e parcerias entre jovens líderes e profissionais estabelecidos em diversas áreas, acreditando nós que a colaboração interdisciplinar é crucial para desenvolver soluções holísticas e eficazes para os desafios globais; Ação Concreta, através do incentivo e apoio a projetos e iniciativas que tenham um impacto direto e positivo no mundo, porque queremos transformar ideias em ações, proporcionando suporte logístico, financeiro e estratégico para iniciativas lideradas por jovens; e por fim Visibilidade e Influência, que se traduz em aumentar a visibilidade das questões de sustentabilidade e inovação social e influenciar políticas e práticas através de advocacy e engagement com stakeholders chave. Usamos a nossa plataforma para defender mudanças políticas e práticas empresariais que promovam um futuro mais sustentável.

Por exemplo?
Ainda nesta semana fechámos uma parceria com a ONG “Fome de tudo” no Brasil. A Fome de Tudo, sob a liderança inspiradora de Úrsula Corona, tem-se destacado no combate à fome e na promoção da sustentabilidade. Com a união das forças da Generation Resonance, estamos prontos para levar adiante projetos inovadores que irão beneficiar comunidades locais, promovendo desenvolvimento sustentável e melhorias sociais. O nosso foco inicial será em Moçambique, um país cheio de potencial e que merece toda a nossa dedicação e esforço. Juntos, acreditamos que podemos fazer a diferença, criando soluções que atendam às necessidades mais urgentes e, ao mesmo tempo, promovam um futuro mais sustentável para todos. A Generation Resonance e as Tomorrow Talks são, portanto, mais do que iniciativas; são plataformas de transformação que buscam criar um mundo onde a ação sustentável e a inovação social são a norma, e não a exceção. E estamos comprometidos — a grande equipa por trás desta iniciativa, em particular a Joana Chaves Baptista, Andreza Caldeira, Carlota Ramalho Baptista, que comigo dão um enorme push ao projeto — em continuar a expandir o nosso alcance e impacto, sempre guiados pela visão de um futuro mais inclusivo, justo e sustentável.

Assumir múltiplos papéis em diferentes iniciativas pode parecer um desafio à primeira vista, mas para mim, cada uma dessas funções oferece uma plataforma única e essencial para abordar os problemas complexos que enfrentamos

João Maria Botelho
João Maria Botelho

O João é ainda Embaixador dos Oceanos para Portugal (2023/2024) e Global Shaper no Fórum Económico Mundial. Não são iniciativas a mais?
Assumir múltiplos papéis em diferentes iniciativas pode parecer um desafio à primeira vista, mas para mim, cada uma dessas funções oferece uma plataforma única e essencial para abordar os problemas complexos que enfrentamos hoje. Acreditar que concentrar-se numa única organização seria mais eficaz é uma visão a meu ver simplista, face à complexidade e interconexão dos desafios globais. Cada uma dessas posições complementa a outra, permitindo uma abordagem mais holística e multifacetada. Como Embaixador dos Oceanos para Portugal pela Surfrider Foundation, o meu foco é promover a conservação marinha e a sustentabilidade dos oceanos. Este papel envolve não apenas a advocacia e a sensibilização, mas também a implementação de projetos práticos que visam proteger os ecossistemas marinhos e combater a poluição oceânica. A saúde dos oceanos é vital para a saúde do planeta como um todo.

E o lado de Global Shaper?
Como Global Shaper, faço parte de uma rede global de jovens líderes comprometidos em criar impacto positivo nas suas comunidades e além. Este papel oferece uma plataforma para influenciar políticas globais a um nível local, participar de discussões estratégicas e colaborar com líderes de todo o mundo: os Global Shapers. Este papel é especialmente valioso porque me permite trazer uma perspetiva jovem e inovadora para as discussões de alto nível sobre políticas e práticas globais. Este ano, lançámos o nosso novo evento de destaque focado na sustentabilidade a nível superior, o Green Horizons Summit, que durou três dias. Os participantes não apenas ouviram especialistas, mas também lideraram dinâmicas de grupo, interagiram diretamente com os oradores e estabeleceram novas conexões durante os momentos de networking. Através de discussões interativas, workshops práticos e sessões de networking, os participantes universitários saíram com uma compreensão mais profunda das questões ambientais e sociais e com as ferramentas necessárias para fazer a diferença. Este evento é só um pequeno exemplo do impacto que podemos criar como Global Shapers.

Portanto, compensa ter várias frentes de ação.
Embora cada uma dessas funções tenha o seu próprio conjunto de responsabilidades e objetivos, elas estão intrinsecamente ligadas por um objetivo comum: promover a sustentabilidade e a justiça social. A experiência e os insights adquiridos numa função enriquecem e informam o meu trabalho nas outras. Além disso, estas diversas plataformas permitem-me abordar os desafios de diferentes ângulos e mobilizar uma gama mais ampla de recursos e apoio. A colaboração entre diferentes setores – governamental, privado e sociedade civil – é crucial para enfrentar os desafios complexos de hoje, e estar envolvido em múltiplas iniciativas permite-me facilitar essas colaborações de maneira mais eficaz. Não é uma questão de quantidade, mas de impacto. A verdadeira questão não é se são iniciativas de mais, mas se estamos a criar impacto suficiente. Cada uma dessas funções dá-me a oportunidade de tocar vidas, influenciar políticas e promover mudanças reais. A minha paixão e energia vêm da convicção de que podemos e devemos fazer mais para proteger o nosso planeta e melhorar a vida das pessoas.

Não é uma questão de quantidade, mas de impacto. A verdadeira questão não é se são iniciativas de mais, mas se estamos a criar impacto suficiente. Cada uma dessas funções dá-me a oportunidade de tocar vidas, influenciar políticas e promover mudanças reais

E que próximos passos tem já planeados?
Os próximos passos na minha jornada estão orientados por uma visão clara e ambiciosa de transformar desafios globais em oportunidades de inovação sustentável e impacto social. Cada iniciativa, projeto e colaboração é cuidadosamente planeada para maximizar o alcance e a profundidade do impacto positivo que podemos gerar. A Generation Resonance tem demonstrado ser uma plataforma poderosa para capacitar jovens líderes, com uma aceitação global excecional, por isso aí o próximo passo é expandir ainda mais a nossa presença global, estabelecendo capítulos em novos países e fortalecendo aqueles onde já estamos presentes. Planeamos lançar programas de capacitação avançada, que incluirão módulos sobre liderança sustentável, inovação social e políticas públicas. Adicionalmente, estamos a solidificar o nosso projeto a nível europeu, com iniciativas em parceria com a ONG "Fome de Tudo", já tendo “na manga” um projeto de escala internacional que iremos revelar em breve. Estamos também a preparar a nossa presença para a COP 29 em Baku, com foco em soluções práticas e colaborativas para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A nossa participação visa não apenas contribuir para as discussões globais, mas também apresentar propostas concretas que possam ser implementadas em diversas regiões.

E vêm aí mais Talks?
Sim, novas edições das Tomorrow Talks, que têm sido um veículo essencial para a disseminação de ideias transformadoras e para a mobilização da ação. Pretendo lançar novas edições do podcast, abordando temas emergentes como a economia circular, justiça climática, e tecnologias limpas. Na segunda season o formato será mais “fora da caixa”, trazendo vozes diversas, incluindo líderes de comunidades indígenas, empreendedores sociais inovadores e cientistas de renome, para criar um diálogo rico e multifacetado que inspire mudanças reais. De resto, um dos focos principais será fortalecer parcerias estratégicas com empresas, ONG, instituições académicas e governos. Estas parcerias são cruciais para a implementação de projetos de grande escala e para a promoção de políticas públicas eficazes. Estou a trabalhar para estabelecer novas colaborações que possam oferecer recursos, conhecimento e suporte logístico para nossas iniciativas. Estas parcerias irão facilitar a implementação de projetos inovadores e a criação de soluções sustentáveis que possam ser replicadas em diferentes contextos.

A minha paixão e energia vêm da convicção de que podemos e devemos fazer mais para proteger o nosso planeta e melhorar a vida das pessoas

Passar a mensagem cada vez mais longe é também um objetivo?
A educação continua a ser uma prioridade. Planeio lançar novos projetos educacionais que incluam, workshops e materiais didáticos sobre sustentabilidade e inovação social. Estes recursos serão projetados para alcançar um público amplo, desde estudantes até profissionais, e serão oferecidos em múltiplos idiomas para maximizar o alcance. Além disso, continuarei a contribuir para publicações e a participar em conferências nacionais e internacionais, promovendo assim a importância da educação como um pilar para a mudança sustentável. E vou continuar a focar-me em projetos de pesquisa que explorem novas fronteiras da sustentabilidade e da inovação social. Estes projetos irão abordar temas como a adaptação às mudanças climáticas, novas tecnologias para a gestão de recursos naturais e a integração de princípios ESG (Environmental, Social, and Governance) em diferentes setores da economia. A pesquisa é fundamental para desenvolver soluções baseadas em evidências que possam informar políticas e práticas mais eficazes.
Outro passo crucial é aumentar a minha influência em políticas públicas. Pretendo intensificar os esforços de advocacy, quer com a presença em fóruns internacionais quer a nível nacional. Embora a ação global seja essencial, acredito firmemente no poder da mudança local para impacto global. Neste contexto, estou entusiasmado em anunciar um novo e importante projeto: a integração na equipa de ESG e Climate Change Regulation (no escritório em Portugal) da firma internacional de advogados Pérez Llorca, que está a estabelecer-se em Portugal. Este projeto é um passo significativo na minha carreira e na promoção de práticas sustentáveis e na adaptação às regulamentações climáticas em Portugal e além. A chegada da Pérez-Llorca a Portugal representa uma oportunidade única para fortalecer o cenário jurídico e regulatório no que diz respeito à sustentabilidade e às mudanças climáticas.

São altos voos que vê no seu futuro...
Os próximos passos são ambiciosos e variados, mas cada um está intrinsecamente ligado pela visão de um futuro mais sustentável, justo e inovador. Acredito que, através de uma abordagem multifacetada que combina educação, inovação, advocacia e ação comunitária, podemos criar um impacto duradouro e transformador. Estou entusiasmado e otimista quanto ao futuro e comprometido em continuar a trabalhar incansavelmente para promover mudanças positivas em todas as frentes.