A maternidade deixou-a de fora dos Jogos Paralímpicos Tóquio-2020, a persistência levou-a ao pódio nos de Paris -2024. Ao registar 55,52s, Carolina Duarte, de 34 anos, garantiu o bronze nos 400m T13 (deficiência visual) no Stade de France, numa final em que a brasileira Rayane Silva fixou novo recorde mundial ao parar o cronómetro nos 53,55 e a azeri Lamyia Valiyeva foi 2.ª, com 55,09.

Tornou-se no sétimo pódio de Portugal (2+1+4) na capital francesa — 101.º no evento (27+31+43) —, o que a um dia de encerrar os Jogos igualou Pequim-2008. Bem superior a Londres-2012 (3), Rio-2016 (4) e Tóquio-2020 (2).

«É espetacular chegar aqui e estar na minha melhor forma de sempre. Estou muito feliz pela medalha e pelo resultado. Conseguir estar nesta forma aos 34 anos só foi possível porque fui mãe e foi isso que me deu força. Se não o tivesse sido não estaria hoje no pódio. Mas não vou parar!», prometeu a vice-campeã mundial e recordista europeia, cujo máximo pessoal são 54,72, já sonhando com LA-2028.

Mas antes só pensa nas férias com a filha de três anos que nasceu dois meses antes dos Jogos no Japão. A atleta da Juventude Operária de Monte Abraão, que elevou as medalhas do atletismo paralímpico para três, irá dividir a honra, com o judoca Djibrilo Aifa, bronze na véspera nos -73 kg J1, de levar a bandeira nacional na cerimónia de encerramento.

«Esta medalha é fruto de um esforço pessoal, mas a verdade é que corri com um batalhão a empurrar-me: as três pessoas com quem trabalho a nível psicológico — um mental coach, um mentor e um psicólogo —, ao nutricionista, aos fisioterapeutas e ao treinador», sem esquecer o comité e a federação, fez questão de agradecer sem esquecer a mãe e irmã que ficaram a tomar conta da filha e o marido «que está em casa com os cães».

Carolina considerou ainda que a final foi «completamente inesperada», e a 100 metros da meta ainda acreditou que o ouro era possível. «Mas não me deixei ficar, nem me amedrontei, continuei e pensei: ‘Isto é o teu ritmo, é a prova que tu sabes, é o que tu treinaste, continua. Ela [Rayane Silva] vai quebrar de certeza’. Não quebrou. Ainda tentei ir ao segundo, mas não consegui», revelou acrescentando que a «esperança é a última a morrer».

«Agora vou de férias um mês, vou fazer baby-sitting à medalha, como diz a Simone Biles, e à minha filha para depois começar a treinar para Los Angeles, não vou parar aqui», voltou a prometer.

Já a natação lusa, fechou com mais três finais. Diogo Cancela (bronze nos 200 estilos), foi 7.º (1.06,13m) nos 100 mariposa S8. Tomás Cordeiro terminou em 8.º (2.21,03) nos 200 estilos SM10, igual posição conseguida por Daniel Videira (1.22,69) nos 100 costas S6.