
Uma das coisas que me entristecem em muitos museus portugueses é a falta de crianças, levadas a descobrir arte, descontraídas, sem cerimónias, sentadas no chão, contentes por olharem para um quadro, a ouvir alguém a contar a história do que se passa na tela como se fosse uma cena de Indiana Jones.
Esta fotografia foi feita no Rijksmuseum, em Amsterdão, e mostra uma das mais célebres obras de Rembrandt, A Ronda da Noite, propriedade do município da cidade, depositada naquele museu. O quadro foi pintado entre 1639 e 1642 e mede 3,6 metros de altura e 4,3 de largura. Mostra a Guarda Cívica de Amsterdão sob comando do capitão Frans Banning Cocq e é geralmente considerada a obra-prima de Rembrandt e uma das obras de pintura mais importantes do período Barroco.
Reparem na cara dos alunos, a descoberta que se desenha nos seus olhos, a informalidade de estarem ali sentados no chão, com outras pessoas a passarem, e vários monitores que os acompanhavam a falar-lhes deste quadro e a responderem às suas perguntas. Repararam quantos têm o braço no ar? Nenhum tem ar de estar aborrecido, o que eles mostram é curiosidade, vontade de saber mais, de entrar por dentro do quadro e conhecer pormenores daquele período da História da sua cidade.
Ter belos museus vazios de crianças (e por vezes de público) não serve para nada. Quantas crianças de Lisboa já visitaram o excelente Museu de Lisboa-Palácio Pimenta, ao Campo Grande, onde podem, por exemplo, ver como era o Terreiro do Paço no século XVII através do olhar do pintor holandês Dirk Stoop (c.1610-c.1686), ou a Torre de Belém mostrada num quadro de John Tomas Serres, no final do século XVIII, ou, ainda, como era a Antiga Fábrica de Tabaco de Xabregas, pintada num quadro de João Pedrozo, no século XIX?
Este museu tem uma equipa disposta a acolher visitas de crianças organizadas por escolas. Mas quantos pais já os levaram ao fim de semana a passear naquele magnífico jardim com pavões, que é a porta de entrada para o museu onde têm descobertas a fazer?
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