
A 8 de abril de 2024, na cerimónia anual da entrega de prémios do Guia Boa Cama Boa Mesa, Rodrigo Castelo sobe três vezes ao palco. O proprietário e chef do Ó Balcão, restaurante de alta cozinha localizado em Santarém, arrecada um trio de distinções: Garfo de Ouro, Prémio Sustentabilidade e é eleito Chef do Ano.
Antes, Rodrigo Castelo já tinha conquistado a primeira estrela Michelin e a estrela Verde, recebidas na primeira Gala do “guia vermelho” em solo nacional, realizada em Albufeira, no Algarve, em fevereiro de 2024, a que adicionou a Medalha de Ouro da Cidade de Santarém, recebida em outubro de 2024.
“Foi um ano em cheio! Estou ainda na ressaca de tudo isso. O Garfo de Ouro era algo que ambicionava, mas nunca pensei ter o prémio Sustentabilidade e a distinção de Chef do Ano ao mesmo tempo”, comenta o chef. O reconhecimento é importante mas há que seguir em frente: “Trabalho todos os dias para ser melhor. A minha equipa também. A responsabilidade é grande”, acrescenta.
“A sustentabilidade é uma maneira de estar na vida”
A intensidade do dia a dia no restaurante, da constante vontade de aprender e melhorar, de inovar e criar são exercícios que provocam um enorme desgaste aos profissionais da restauração. À qualidade do produto, da confeção e do serviço, o chef Rodrigo Castelo investe parte do tempo na melhor maneira de aproveitar tudo de cada ingrediente. “A sustentabilidade é uma maneira de estar na vida. Quando trazemos coisas novas para o restaurante, trazemos a pensar na sustentabilidade”, reforça o chef do Ó Balcão.
Sobre o impacto dos prémios recebidos em 2024, Rodrigo Castelo revela que “para a cozinha, têm aparecido bastantes pessoas. Têm vindo de todas as nacionalidades e qualificadas dentro da área da restauração”. A conquista da estrela Michelin, em 2024, tem dado grande visibilidade a Ó Balcão. “Traz-me muito negócio, clientes, um cliente informal, que quer ser bem servido, procura qualidade e nós estamos cá para isso”, declara.
“Precisamos urgentemente de ajuda do Estado”
No entanto, os encargos têm vindo a pesar nas contas do restaurante. Face a esta realidade, Rodrigo Castelo apela: “Precisamos urgentemente de ajuda do Estado ou então não sei como é que vamos continuar.” Segundo o chef do Ó Balcão, os proprietários dos restaurantes ainda estão a sofrer as sequelas deixadas pelo período referente à pandemia de 2020-2022 persistem: “Os empréstimos que contraímos, que nos ajudaram, foram bons para sobreviver, mas como estamos a ser taxados a todos os níveis, devíamos rever as taxas dentro da restauração.” Como se não bastasse, “estamos a viver um momento conturbado de guerra. Está tudo muito inflacionado. Consumo muito produto biológico, mas se a guerra parasse seria ótimo”, reforça.
Perante este cenário, Rodrigo Castelo conclui: “Ser dono de um restaurante é um ato de loucura. É preciso muita coragem.” É esta determinação e criatividade superlativa que mantém abertas as portas do Ó Balcão(Rua Pedro de Santarém, 73, Santarém. Tel. 243055883) na “capital do gótico”, para a qual o chef escalabitano tem aberto caminho para o roteiro gastronómico do país.
Mas o melhor é começar pelo “Menu Ribatejo Gastronómico” (€130), que, de segunda-feira a sábado, das 12h00 às 15h30 e entre as 19h00 e as 23h00, tem vindo a mostrar o empenho deste cozinheiro em relação à tradição culinária desta região através de uma visão contemporânea.
Sobre o restaurante comandado por Rodrigo Castelo pode ler-se no Guia Boa Cama Boa Mesa 2024: “O “Ó Balcão com... 10 anos” é título de encontros e celebrações a decorrer ao longo deste ano de 2024. Motivos de festa não faltam nesta casa de Rodrigo Castelo, que, com a remodelação do espaço em maio de 2021, passou de taberna a restaurante de fine dining. Tamanha mudança deve-se à crescente vontade de aprender e testar. O percurso do chef está recheado de projetos. Desenvolve cortes de carnes e a cecina e dedica-se à produção queijeira. O peixe do rio é submetido a processos de cura e a caça é objeto de um trabalho aprimorado. No centro dos ensaios permanece o produto ribatejano, trabalhado de forma delicada e apresentado com a estética merecida, sem desvirtuar sabores. Com horta biológica própria, fomentou-se a compostagem, a par das demais regras a cumprir no âmbito da sustentabilidade. Faça a viagem pelos sabores da região com o “Menu Ribatejo Gastronómico”, com a carne de touro bravo, a carpa e o lúcio-perca, os curados e os fumados, a caça, em tempo devido, e os hortícolas a protagonizar cada paragem, acompanhada pelos vinhos com a assinatura deste chef escalabitano”.