Na região do Médio Tejo, Abrantes está localizada na margem direita do rio. Tem fundação no século XII e nasce da necessidade de defesa dos territórios conquistados e de assegurar a vida ativa de Santarém. Para tal, D. Afonso Henriques doou o castelo à Ordem de S. Tiago da Espada em 1173 e, seis anos depois, concede-lhe foral.
Abrantes tem nome gravado na História de Portugal. Em 1385, D. João I, com D. Nuno Álvares Pereira, esteve na cidade com as tropas antes de partir para a batalha de Aljubarrota, como conta Luís Vaz de Camões em “Os Lusíadas”. O Tejo era a principal via de comunicação e, na margem sul, surgiu um importante porto fluvial. Aqui chegavam, por terra, produtos vindos do Alentejo e daqui partiam por via fluvial até Lisboa.
O rio é um elemento identitário da região, acompanha os passeios e trilhos de natureza, com miradouros nas várias rotas, entre as quais uma parte da Grande Rota do Zêzere. Abrantes, que integra a região do Médio Tejo, é território privilegiado para o turismo de natureza, fugindo ao rebuliço das grandes urbes em proximidade com águas e florestas. É ainda banhado pelo grandioso espelho de água da Albufeira de Castelo do Bode, um convite para conhecer praias fluviais e à prática de atividades náuticas.
Vistas para várias províncias portuguesas
No Castelo de Abrantes, conquistado aos mouros por D. Afonso Henriques, no século XII, sobressai a Igreja de Santa Maria do Castelo, atual Museu D. Lopo de Almeida, o Palácio dos Alcaides ou Governadores, detentor de uma frente em arcada virada para a cidade, a Torre de Menagem, mandada construir por D. Afonso III e concluída no reinado de D. Dinis, em 1300, de onde se avista uma rara panorâmica de 360 graus sobre o rio Tejo, o Ribatejo, o Alto Alentejo e a Beira Baixa e o Outeiro de S. Pedro, pequeno morro transformado em reduto militar em 1809. Fica a sugestão para explorar a rota dos cinco castelos: Abrantes, Almourol, Ourém, Tomar e Torres Novas. Dê um pulo ao Cais de Acostagem de Rio de Moinhos, faça um percurso pedonal no centro histórico, conheça a arquitetura de diversas igrejas e casario, desfrute de pequenos recantos e miradouros. Pelas ruas e praças encontra as lojas de comércio tradicional. Descubra o Jardim da República, o Largo João de Deus e a Praça Actor Taborda. Na Confeitaria Palha de Abrantes, na Praça Barão da Batalha, zona do antigo Mercado da Palha para os animais, aproveite e saboreie a famosa, tradicional e conventual Palha de Abrantes, feita de gema de ovo com amêndoa e cobertura de fios de ovos levados ao forno para ficarem ligeiramente tostados, e ainda as populares Tigeladas.
Percursos de artes e museus premiados
O centro histórico de Abrantes é também um excelente percurso para os amantes das artes. Observe, no Largo Dr. Ramiro Guedes, o Painel Histórico Cronológico de Abrantes, da autoria de Óscar Guimarães. Contém imagens em mármore, que pretendem simbolizar as fases mais importantes da história da cidade. No Parque do Alto de Santo António, passeie por entre esculturas em ferro ao ar livre, trabalhos resultantes do I e II Simpósio de Escultura em Ferro de Abrantes. No MIAA - Museu Ibérico de Arqueologia e Arte (Tel. 241330103), Museu do Ano de 2023, instalado no Convento de S. Domingos, edificado no século XVI, peça central do património edificado da cidade de Abrantes, renovada pelo arquiteto Carrilho da Graça, conhece os acervos municipais de arqueologia e arte do Município de Abrantes e da Coleção Estrada, bem como a obra da pintora Maria Lucília Moita. Além das exposições dedicadas à arqueologia, também organiza exposições de arte contemporânea com obras da coleção de Figueiredo Ribeiro. Onde há menos de meio século havia atividade industrial, apenas restavam memórias e património arqueológico. Reinventou-se a utilização desses testemunhos e nasceu o Museu Metalúrgica Duarte Ferreira (Tel. 968504601), também ele Museu do Ano, neste caso em 2018, um projeto que envolveu a comunidade local na doação de espólio, na partilha de estórias e identificação de peças.
Desportos náuticos nas praias fluviais
É uma das mais conhecidas e visitadas das praias fluviais de Abrantes. Localizada na freguesia de Aldeia do Mato, a 20 minutos da cidade de Abrantes, esta praia destaca-se pelas águas limpas e cristalinas, oriundas da barragem de Castelo do Bode. A praia é rodeada por uma paisagem natural onde predominam as copas verdes dos pinheiros-mansos em contraste com o azul do rio. Tem piscina flutuante, dispõe de zonas de relvado para estender a toalha e relaxar, parque de merendas para piqueniques, um pequeno café que serve acepipes, bebidas e refeições ligeiras. A Segredos da Aldeia-Nova Aventura aluga canoas, paddleboards nos meses de verão. É possível ainda praticar windsurf, caiaque e wakeboard. Em terra, promove passeios e atividades em bicicleta (BTT e cicloturismo) e segway. Disponibiliza ainda bungalows para pernoitar (Tel.241849085). A Praia Fluvial de Fontes, situada na Cabeça Ruiva, a 30 minutos da cidade de Abrantes, é um destino popular para famílias. Conhecida pelas águas calmas, tem uma atmosfera que proporciona momentos de calma e tranquilidade. Nela é possível descobrir o miradouro de Fontes, com vista sobre a albufeira de Castelo do Bode. Faça o percurso panorâmico entre Matagosa e Fontes, parte da Grande Rota do Zêzere.
Na Grande Rota das Ribeiras de Arcês, Rio Frio e Rio Tejo
Abrantes reúne na respetiva localização a vantagem das águas de rios e ribeiras e da albufeira de Castelo do Bode. Uma sugestão integrada na Grande Rota das Ribeiras de Arcês, Rio Frio e Rio Tejo, tem como ponto de partida a zona de Lazer da Lapa, cruzando a alameda ladeada por eucaliptos monumentais com parque de merendas. Visite a Capela da Senhora da Lapa e siga em direção a Vale Formoso pela zona florestal até à Capela de São Francisco de Assis, em Pisão Cimeiro. Atinge Saramaga, trilha pelo caminho sobranceiro aos terrenos agrícolas na margem de um dos afluentes da ribeira de Rio Frio para, depois da ponte, alcançar Queixoperra. Termina a jornada na “aldeia dos 7 juízos”. Na próxima etapa, percorre a floresta ao som da água pelo vale, rumo ao Aterro dos Burros a caminho de Lercas. Dobra pela passagem a sudeste, regressa ao contacto com a ribeira, onde pequenas derivações concedem acesso a moinhos e lagar. Segue a linha de água, cruza o asfalto, até perto da Fonte dos Pinheiros, para depois alcançar a Capela de Nossa Senhora dos Matos. Serpenteando entre arvoredo e campos agrícolas, voltamos à ribeira de Rio Frio, força motriz de moinhos e lagares visitados pela rota. Depois do Lagar do Domingos, ruma a Cascalhos, Oliveira do Mouchão e a partir da árvore mais antiga de Portugal, a sugestão é que siga o ramal de ligação a Mouriscas, onde termina a jornada.
Comer Palha de Abrantes e doces de Portugal
Mais de três dezenas de expositores de doçaria portuguesa reúnem-se em Abrantes, de 25 a 27 de outubro, para a XXII Feira Nacional de Doçaria Tradicional, XXII Feira Nacional de Doçaria Tradicional. Instalada na Esplanada 1º de Maio, o evento onde a Palha e a Tigelada de Abrantes são rainhas, é ainda lugar para saborear centenas de especialidades da rica doçaria portuguesa, de Guimarães a Évora, incluindo Açores e Madeira. Não vão faltar, em termos de oferta local, além da Palha e das Tigeladas, Broas de mel e noz e Broas dos Santos, Lampreia de ovos, Limas, Castanhas doces e Mulatos. Nesta cidade do Centro de Portugal juntam-se a estas receitas outras igualmente tradicionais como as Tortas de Guimarães, o Pão de Ló de Ovar e de Margaride, as Queijadas de S. Gonçalo, as Fogaças de Santa Maria da Feira, as Pedras Parideiras de Arouca, os Ovos-moles de Aveiro, os Pastéis de Tentúgal, as Cornucópias de Alcobaça, as Boleimas, Rebuçados de ovo, Fidalgo, Bolo rançoso e a Sericaia do Alentejo. Das ilhas provam-se as Queijadas da Graciosa e os Bolos Lêvedos dos Açores, assim como o Bolo de mel da Madeira. Para combinar com a doçaria, há ginjinha, poncha e vinho da Madeira. Esta Feira conta com vários momentos musicais, do fado aos cantares regionais, de partilha de conhecimento referente aos produtos endógenos, demonstrações de cozinha, programas infantis e ainda um passeio de cicloturismo.
Guardiões do património gastronómico do Ribatejo
A oferta regional gastronómica é variada no concelho de Abrantes. Abarca desde a “Sopa de couve com feijão” regada com azeites da terra ao “Cabrito guisado”, ou assado no forno, “Entrecosto com migas”, “Javali estufado” e “Bucho” (petisco) aos peixes de rio como o “Arroz de lampreia”, “Açorda de sável”, “Achigã grelhado”, “Fritada de peixe do rio”, “Ensopado de enguias” ou “Enguias fritas”. A Casa Chef Victor Felisberto (tel. 931737898) é uma montra para a cozinha regional do Ribatejo, assim como para os vinhos da região do Tejo. Selecionada pelo Guia Boa Cama Boa Mesa de 2024 e distinguida com o Selo de Qualidade Recheio, tem cozinha aberta para uma das três salas, que compõem o restaurante, onde são servidos o “Assado misto” e o “Cabrito assado”, receitas antigas feitas em forno a lenha. A “Perdiz à moda de Alferrarede”, receita antiga abrantina, é preparada a preceito conforme manda a tradição. Outra sugestão do Guia Boa Cama Boa Mesa 2024, o restaurante A Velha (Tel. 963815466), é morada onde reinam as propostas de peixe do rio.
Uma família sonha, um turismo rural nasce
A Quinta da Eira Velha (Tel. 241841177), situado na Aldeia do Mato, que data do século XIII, permite desfrutar de uma panorâmica sobre as águas de Castelo do Bode e para as colinas verdejantes. Nascida da recuperação de uma quinta de família que incluiu o restauro de uma velha eira, esta propriedade convida a passear pelas florestas de pinheiros e eucaliptos e, quando as temperaturas o permitem, tomar um banho refrescante na piscina de águas da albufeira. Na aldeia do Pego, a cerca de 15 minutos de Abrantes, além da Confraria do Bucho e das Tripas, encontra uma proposta de turismo de habitação, a Quinta de Coalhos (Tel. 241833294), protegida por um pequeno arvoredo, com arquitetura semelhante à dos chalets românticos dos primeiros anos do século XX. Tem três pisos, um torreão de quatro águas e piscina. É uma unidade que integra as Casas do Ribatejo, pertencentes à Associação Casario Ribatejano. Em Alvega, fique numa mansão histórica, o Solar de Alvega (Tel. 241833294), construído no século XVIII pelo Conde Caldeira de Mendanha, situado junto ao Rio Tejo. Tem como particularidades uma cascata e jardins paisagísticos. Dispõe ainda de uma piscina e terraço com espreguiçadeiras para tomar banhos de sol.
Roteiro de fim de semana é uma iniciativa Boa Cama Boa Mesa, com o apoio do Recheio, que semanalmente, ao longo do ano de 2024 vai dar a conhecer os principais eventos gastronómicos, entre festivais, feiras e mostras, que promovem regiões, restaurantes e produtos locais.
Este projeto é apoiado por patrocinadores, sendo todo o conteúdo criado, editado e produzido pelo Expresso (ver código de conduta), sem interferência externa.
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